domingo, 8 de abril de 2012

Bancos no Brasil = Pacto com o Demônio ?

Charges -

José Aguiar

Domingo, 08/04/2012

José Aguiar

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Economia Criativa em números

 
Foi finalizada, recentemente, a pesquisa sobre Economia Criativa (EC) encomendada pela Secretaria de Governo da Prefeitura de São Paulo para a Fundação do Desenvolvimento Administrativo. Partindo da análise das diferentes metodologias já existentes para a mensuração do setor (Unesco, OIC, Reino Unido, IBGE e Firjan), a equipe que participou do projeto desenvolveu uma metodologia própria para mapear o setor não só na cidade de São Paulo, mas no Brasil.
Duas premissas básicas foram a base da primeira etapa do estudo: deveríamos aproveitar o esforço internacional já despendido no assunto, não "reinventando a roda", e construir indicadores adaptados aos dados e à realidade do Brasil, mas que "conversassem" com as estatísticas internacionais para que pudéssemos ter alguma comparabilidade.
Dadas as diferenças entre as estatísticas e conceitos internacionais e as limitações das estatísticas brasileiras, optamos sempre por ser mais conservadores e não inflacionar os dados para criar uma falsa ilusão da importância do setor. O esforço foi para mapear atividades culturais e criativas na sua essência, deixando de fora, por exemplo, as atividades de fabricação e comercialização a elas associadas. Com esse critério incluímos arquitetura e design, artes performáticas, artes plásticas e escrita, audiovisual, edição e impressão, ensino, informática, patrimônio, pesquisa e desenvolvimento e publicidade e propaganda.
Independentemente das possíveis críticas à metodologia desenvolvida, que serão muito bem-vindas, pois se trata só de um primeiro estudo sobre o tema, os resultados já são bastante interessantes e apontam para um cenário muito claro e contundente: o conjunto de setores que englobam o que chamamos de Economia Criativa tem peso significativo na economia do País, no Estado de São Paulo e da cidade, em especial. Obviamente, com a publicação do estudo e a ampliação do debate, conseguiremos melhorar as estatísticas do setor.
Segundo a metodologia desenvolvida no estudo para a Prefeitura, a participação do emprego formal criativo é de 1,87% do total do emprego formal no Brasil; de 2,21%, na Região Sudeste; de 2,46%, no Estado de São Paulo; e de 3,47%, no Município de São Paulo.
Comparada com outros setores considerados importantes empregadores, a Economia Criativa destaca-se não só pela capacidade de gerar empregos, mas pela qualidade e remuneração desses empregos. De 2006 a 2009, a taxa média anual de crescimento do emprego formal no setor chegou a 8,3% no Estado de São Paulo e a 9,1% no Município, enquanto no total da economia chegava a 5,5%, no Estado, e a 5,8%, na cidade. Mas, se aplicarmos as outras metodologias utilizadas internacionalmente, os números são ainda mais contundentes: pela metodologia usada no Reino Unido, a participação do emprego formal criativo é de 5,54% do total do emprego formal no Brasil; de 5,45%, no Sudeste; de 5,67%, no Estado paulista; e de 6,39%, na cidade de São Paulo. Como sabemos que há muita informalidade em alguns dos setores considerados, os dados, que já são impactantes, podem ser significativamente mais expressivos.
Não bastassem o número e a qualidade dos empregos criados, a importância dos setores que compõem a EC está na sua interação com o restante da economia e sua capacidade de alavancar a modernização e competitividade dos mais diferentes setores. O design, por exemplo, é o mínimo denominador comum de todos os setores: das sandálias de plástico ao carro, é ele que faz a diferença, agrega valor e gera competitividade.
A conclusão, já em prática em diferentes países, inclusive na China, é de que política industrial moderna se faz focando em criatividade e novas tecnologias. Ou seja, atrair montadoras (de carros ou de eletrônicos) pode gerar alguns empregos e dar uma pequena ajuda na balança comercial, mas não gera competitividade sistêmica. Já o apoio aos setores da Economia Criativa permite criar um "caldo de cultura" que transborda para os mais diferentes setores, direta ou indiretamente, gerando trabalhadores e consumidores mais sofisticados e com mais renda, empresas mais modernas e uma economia mais competitiva.
ECONOMISTA

Freud e o Carnaval

*Texto extraído do Livro de Moacyr Scliar -- A Face Oculta: Inusitadas e Reveladoras Histórias da Medicina.

Freud e o Carnaval 


Moacyr Scliar

 Segundo Freud, que não era construtor (mas que em algum momento deve ter pensado em fazer uma incorporação a preço de custo para escapar das agruras da psicanálise), a nossa mente é como uma casa em que vivem três habitantes. No térreo, mora um sujetio simples e meio atucanado, chamado Ego. Ele não é propriamente o dono da casa, mas cabe-lhe pagar a luz, a água, o IPTU, além de varrer o chão, lavar a roupa e cozinhar. Estas tarefas fazendo parte da vida cotidiana, Ego até não se queixaria. O pior é ter de conviver com os outros dois moradores.

 No andar superior, decorado em estilo austero, com estátuas de grandes vultos da humanidade e prateleiras cheias de livros sobre leis e moral, vive um irascível senhor, chamado Superego. Aposentado - aos pregadores de moral não resta muito a fazer em nosso mundo - Superego dedica todos os esforços a uma única causa: controlar o pobre Ego. Quando liga, se lembra de alguma piada boa e ri, ou quando o Ego se atreve a cantar um sambinha, Superego bate no chão com o cetro que carrega sempre, exigindo silêncio. Se Ego resolve trazer para casa uma namorada ou mesmo uns amigos, Superego, de sua janela, adverte: não quer festinhas no domicílio.

 No porão, sujíssimo, mora o terceiro habitante da casa, um troglodita conhecido como Id. Id não tem modos, não tem cultura e na verdade mal sabe falar. Em matéria de sexo, porém, tem um apetite invejável. Superego, que detesta estas coisas, exige que o Ego mantenha a incoveniente criatura sempre presa. E é o que acontece durante todo ano.

 No Carnaval, porém, Id se solta. Arromba a porta do porão, salta para fora e vai para a folia, arrastando consigo o perplexo Ego que, num primeiro momento, resiste, mas depois acaba aderindo. E aí são três dias de samba, bebida, mulheres.

 Quando volta para casa, na quarta-feira, a primeira pessoa que vê Ego é o Superego, olhando-o fixo da janela do andar superior. Ele não precisa dizer nada, Ego sabe que errou. Humilde, enfia-se em casa, abre a porta do porão, para que o saciado Id retorne a seu reduto, e aí começa a penitência, que durará exatamente um ano.

 De vez em quando, Ego tem um sonho. Ele sonha que os três fazem parte de um mesmo bloco carnavalesco, e que, juntos, se divertem a valer - o Superego é, inclusive, o folião mais animado. Mas, isto é, naturalmente, sonho. Parafraseando um provérbio judaico, Carnaval no sonho não é Carnaval, é sonho. Que se junta a todos os sonhos frustrados de nossa época. Graças a eles, muitas casas foram construídas. E muitos edifícios foram incorporados.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Profetas da Maldição



Hoje assisti um documentário interessante no History Channel intitulado Profetas da Maldição e achei extremamente pertinente e condizente com a temática do Economia do Caos. Essencialmente a discussão gira em torno da seguinte questão(s):


Quais as hipóteses que poderão criar o CAOS em nosso sistema e em nossa sociedade ?






Posto a seguir uma resenha de um livro do biólogo Jared Diamond onde existem boas resenhas aqui e pela web e aqui onde você pode comprar o livro aqui ou baixar via torrent (only in english) na faxola!  A versão em pt pode ser obtida aqui ou aqui!

Diamond, Jared. Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso "Analisa as causas da decadência de civilizações antigas, como danos ambientais, mudanças climáticas, crescimento populacional, parcerias comerciais instáveis, pressões de inimigos. Demonstra como estes problemas afetam as sociedades modernas e o que pode ser feito para evitar sua destruição: um bom relacionamento com o clima, meio ambiente, geografia, recursos e parceiros."


O Jared Diamond fez a sua palestra de 15 minutos pro TED (clique aqui para assistir online)


No site do History a chamada do documentário é o que segue:


A história nos ensina que a mudança é inevitável. 
Esta verdade foi ilustrada em todos os grandes impérios; não importa quanto foram poderosos, no final acabaram caindo. Existem entre nós aqueles que acreditam que o colapso já começou em nossos tempos, e ao contrário de Nostradamus e outros antigos profetas, eles não veem através de bolas de cristal ou estudam as estrelas. 
Suas visões fazem referência à instabilidade financeira do petróleo, ao esgotamento da água, à tecnologia hostil e à ameaça terrorista. Estes homens se reúnem hoje para expressar suas opiniões sobre os perigos que ameaçam o modo de vida americano e sobre como poderemos evitar este destino fatal.




...mas se vc não lê em inglês ou tem preguiça de ler o livro todo mesmo em português, disponibilizo os links para download direto do documentário do History completo via ftp...(vagalzão)


Idioma: Dublado PT-BR
Formato de áudio - mp3 128Kbps
Formato de vídeo - Avi Xvid
Resolução - 720x420 
Compatível com dvd player: Sim (o que é?)
Duração total: 1h e 25 min
Tamanho total: 914mb (4x200mb 1x123mb)
Download - Parte única
Parte 01 - Parte 02 - Parte 03 - Parte 04 - Parte 05

Ou

Parte 01Parte 02Parte 03Parte 04Parte 05

Formato .rar sem compressão - Não é necessário HJSplit, somente Winrar ou similar

Espelhos (Mirrors)

Megaupload (quebrado, fora do ar)

Fileserve

sábado, 4 de fevereiro de 2012

The future of teaching Difference engine: Let the games begin

Será mesmo que o uso dos Tablets e IPhod´s ("áifód´s") serão mesmo capazes de melhorar a aprendizegem da nova geração, ainda mais nas séries iniciais ??? Uma noticia q saiu na The Economist na seção de C&T deles, me chamou a atenção...


The future of teaching

Difference engine: Let the games begin

Jan 27th 2012, 7:17 by N.V. | LOS ANGELES


FULL marks to Apple for devising ways to improve how science, mathematics and other topics are taught in primary and secondary schools across America. The company’s “Reinventing Textbooks” event last week showed how effectively Apple’s popular iPad tablet computer can replace the stack of tedious, and invariably outdated, textbooks that school children have to lug around these days (see “A textbook manoeuvre”, January 19th 2012).

Apple is providing a free Macintosh application, dubbed iBooks Author, which allows publishers, teachers and writers to produce interactive textbooks with video, audio and even rotating 3D graphics that spring to life with the touch of a finger. By and large, interactive multimedia offer more engaging explanations that students more readily grasp and remember. To play such books on an iPad, a free application called iBooks 2 must first be downloaded from the company’s App Store. Interactive textbooks can then be purchased from iTunes, Apple's online store, for $15 apiece or less. That is a seventh of the price of the average textbook used in schools today.

No question that interactive textbooks deliver results. A pilot study carried out for Houghton Mifflin Harcourt, a textbook publisher based in Boston, compared the performance of two groups of children over the course of a year at the Amelia Earhart Middle School in Riverside, California. A control group used the traditional Holt McDougal Algebra 1 textbook, while an experimental group used iPads with an interactive version of the same coursework. At the end of the year, 78% of pupils using the interactive text scored “proficient” or “advanced” on the California algebra test, compared with only 59% scoring likewise with the standard textbook.

Done properly, interactive textbooks offer not only video tutorials, more personalised instruction, just-in-time hints and homework help, but also instant access to assessment tools, teaching resources and the ability to network socially with students elsewhere. Using tools for highlighting and annotating virtual flash-cards, students can select information within the text and store it for later revision. Searching public databases, direct from within the textbook, is also possible. At school, students can sync with their teachers’ computers, to hand in their quiz results and homework for marking.

Houghton’s pilot programme in Riverside was not the first attempt to use e-books in education. Indeed, digital textbooks have been around for more than a decade, but have made little impact on education so far. According to Forrester Research, a market-research company based in Cambridge, Massachusetts, e-books accounted for only 2.8% of America’s $8 billion textbook market in 2010.

The problem has been the lack of suitable devices for reading them. Laptops and PCs have been too cumbersome for the job. Dedicated e-readers have lacked the screen size, colour graphics and computing power to render the rich multimedia content. The latest tablet computers seem finally to fit the bill.
Except for one awkward thing: at around $500 apiece, tablets like the iPad 2 are still much too expensive for all but the wealthier school districts. Unlike computers, which are installed in classrooms and shared by pupils, the whole point of a tablet is that it is carried around by an individual and used anywhere, including the home. That means one tablet for each and every child. Even with bulk-buying discounts of up to 10%, cash-strapped school districts—which provide public education for nine out of ten of America’s 58m school children—cannot afford the upfront cost of tablet-based teaching.

Put it this way. On average, the textbooks used in American high schools cost a little over $100 each. Given normal wear and tear, they last for around five years, as they are passed onto subsequent students. Typically, pupils use five different textbooks in each grade. That means textbooks cost a school district around $100 a year for every student attending secondary school. The figure is only marginally less for pupils in primary schools.

With breakages, losses and theft, there is no way that a $500 iPad could survive for five years in a school environment without costly maintenance, repair and replacement. Add the cost of downloading five original $15 textbook titles from iTunes for each pupil in every grade, plus annual upgrades for every student. In other words, by going the virtual route, education authorities could find their textbook costs soaring out of sight.

Why not let children who can afford to buy their own iPads use them in class? Outside private schools, that is never going to happen. No superintendent of public schools could allow such a digital divide to emerge in the classroom. Ethics aside, lawsuits would fly (giving new meaning to the term “class action”) as a minority of students hogged the high scores and the scholarships.
The difficulty of dealing with such issues—not to mention the bureaucracy of the public school system—explains why Inkling, a San Francisco firm that has pioneered interactive 3D textbooks for the iPad, has steered clear of schools and focused instead on the needs of college students. Your correspondent saw everything, and more, that Apple demonstrated last week while interviewing Inkling’s founder, Matt MacInnis, a year ago. At the time, Inkling had produced over 60 multimedia textbooks for the academic world. Today, it lists 113 to Apple’s four. With the Inkling app installed on an iPad, chapters can be downloaded from iTunes for $1.99 a go.

Apple’s marketing muscle will surely stimulate demand for better interactive content, not only in primary and secondary schools, but for tertiary education as well. “That’s a rising tide that floats all boats,” notes Mr MacInnis. “The future of digital-learning content isn’t a book on a screen, but an engaging multimedia experience,” he says. In other words, the flat e-book is dead. Sorry, Amazon.

And yet, for all the interactivity with stunning graphics and engaging video, your correspondent cannot help thinking that something is missing here. Despite their compelling content, the interactive textbooks seen so far perpetuate the “linearity and conformity” of traditional learning, where everything is geared—from kindergarten to high-school—to preparing for college entrance; where mistakes are expunged at the cost of creativity.

This is what Sir Ken Robinson, a leading authority on education reform, calls the “industrial model” of education. As professor of education at Warwick University, Dr Robinson led a national commission on creativity, education and the economy for the British government, and has spent the past decade trying to prevent education authorities from stifling their students’ inner passions. In his view, creativity is as important in education as literacy—and should be given equal emphasis.

That would seem a reasonable start. So, if software is to be used as a teaching aid (called “blended learning” in pedagogical circles), then it should seek to balance the need for correct answers with the freedom to take risks and break rules. “If you’re not prepared to be wrong,” Dr Robinson preaches, “you’ll never come up with anything original.”

No question that industry is crying out for innovative young minds capable of taking intellectual chances. A common complaint is that science education, in American schools especially, is doled out in easily digested bites that condition students to get correct answers, but without any profound understanding of why. In a report published last year, the National Research Council in Washington, DC, identified a number of cross-cutting concepts (such as “cause and effect” and “stability and change”) that provide the weft and the warp of science. Mastering these thoroughly, the report argued, would provide a firm foundation for young thinkers to take the kind of chances needed to be truly innovative.

One promising approach along these lines has been adopted by the CK-12 Foundation, a non-profit organisation that seeks to reduce the cost of teaching materials by using open-source methods. Its FlexBook platform, predominantly for science and mathematics, allows high-school teachers to mix and modify content freely to meet individual needs, while still adhering to curriculum standards.

This year, the CK-12 Foundation is to start offering tools that will allow high-school students to teach themselves. To help them, the foundation has devised a “concept map” that contains the 5,000 or so concepts in science and mathematics that students need to master if they are to qualify for admission to Massachusetts Institute of Technology or Stanford University.

Meanwhile, the Khan Academy, with backing from the Bill and Melinda Gates Foundation and others, continues to develop its library of 2,700 free video lessons stored on YouTube that cover everything from arithmetic to finance, history and physics, along with several hundred practice exercises. The videos provide one-on-one tutoring via an online electronic blackboard that can be paused so students can learn at their own pace. In your correspondent’s opinion, the Khan Academy has the makings of what a free, world-class, virtual school should be. Try it.

In the end, the two technologies that could save science education from the kind of reforms the pedagogues have in mind are video games and social networking, especially mobile versions. These are technologies that the young understand and embrace. As such, they have greater potential for motivating students to achieve excellence than anything else currently on the horizon.

Vinod Khosla, a legendary Silicon Valley investor, says he is personally excited by the prospect of high-school education “moving from teachers talking uniformly to bored A students and clueless D students, 50 in a class, to individual ‘gamified’ and adaptively difficult systems that leverage our social inclinations.” In other words, when a student can win points, stars or badges by helping friends understand difficult concepts—and his or her own reputation gets an immediate boost on Facebook as a result—then high-school education will finally have entered the 21st century. Pray for the day.


sábado, 7 de janeiro de 2012

Depois do Armaggedon

Este especial examina como sociedades que estiveram à beira do desaparecimento conseguiram ressurgir como novas comunidades. Evidências científicas demonstram como os seres humanos responderam a eventos de destruição em massa ao longo da história.

Algumas palavras-chave como: a fome, desnutrição, impacto ambiental, superpopulação, caos, desordem, carestia, extinção fazem parte de qualquer enredo de pesquisa e leitura a respeito do assunto que possa desencadear o sumiço de qualquer espécie de vida em sociedade ou em populações...


Infelizmente o documentário completo foi retirado do youtube por violação de direitos autorais...
Para não perder sua viagem, recomendo que assista o vídeo no History Channel ... e que inicie sua pesquisa e navegada nos confins do Google e da web por este artigo...


Carestia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vítimas da Grande fome na Irlanda.
A fome, ou mais propriamente carestia, é uma crise social e econômica acompanhada de má nutrição em massa, epidemias e aumento na mortalidade.
Apesar de muitos casos de fome em massa coincidirem com falta de suprimentos alimentícios regional ou nacional, fome também tem ocorrido por atos econômicos ou política militar de privar certas populações de alimentos o suficiente para garantir a sobrevivência. Historicamente, fomes tem ocorrido por causa de secas, falha de colheita e pestes, e também por causas criadas pelo homem como guerra ou políticas econômicas mal planejadas. Durante o século XX, um estimado número de 70 milhões de pessoas morreram de fome em todo o globo, dos quais um estimado de 30 milhões morreram durante a fome de 1958-1961 na China. Outros casos terríveis de fome ocorridos durante o século XX foram o desastre de 1942-1945 em Bengala e vários casos de fome durante a União Soviética, incluindo o Holodomor, o caso de fome em massa de Josef Stálin sofrido na Ucrânia entre 1932-33. Outros grandes casos de fome ocorreram pelo final do século XX, como: o desastre de Camboja nos anos 70, a fome de 1984-1985 na Etiópia e a falta de comida generalizada na Coreia do Norte durante os anos 90.
A fome pode ser induzida por superpopulação de uma determinada região, com falha em prover recursos alimentícios em quantidade suficiente. Uma visão alternativa da fome dos pobres para dedicar recursos suficientes para conseguir alimentos essenciais ("teoria da dependência" de Amartya Sen), analises da fome que se focam em processos político-econômicos levando a criação de fome em massa, entendimento das razões complexas da mortalidade em fomes, uma apreciação de até que ponto comunidades vulneráveis a fome em massa desenvolveram estratégias para controlar o problema, e o papel do terrorismo e guerra em criar fome. Agências de ajuda humanitária modernas categorizam varias escalas de fome de acordo com a escala da fome.
Muitas área que sofreram fome em massa no passado se protegeram por meios tecnológicos e desenvolvimentos sociais. A primeira área da Europa que acabou com a fome foi a Holanda, que viu sua última fome em massa em tempos de paz no início do século XVII conforme foi se tornando uma potência econômica e estabeleceu complexas organizações políticas. Notavelmente a grande maioria das fomes em massa ocorrem em ditaduras, colonialismo [1] ou durante guerras, Amartya Sen notou que jamais uma democracia funcional sofreu com fome nos tempos modernos.

Índice

 [esconder

[editar] Características da fome

[editar] Fome hoje

Hoje, fome em massa atinge a África subsaariana pesadamente, mas com guerras em andamento, problemas internos e falha econômica, a fome continua a ser um problema mundial com milhões de indivíduos sofrendo. A fome na Etiópia nos anos 80 teve um número imenso de mortes, apesar de que muitas fomes em massa pela Ásia durante o século XX também produziram um número expressivo de mortes. As fomes africanas modernas são caracterizadas por baixa nutrição, com a maior taxa de mortalidade entre as crianças jovens. Tecnologias de ajuda, incluindo imunização, infraestrutura de saúde pública melhorada, rações de comida e alimentação suplementar para crianças vulneráveis, têm aliviado o impacto das fomes, enquanto deixando suas causas econômicas e consequências inalteradas. Crises humanitárias também surgem de guerras civis, refugiados e episódios de violência extrema com o colapso do estado, criando condições entre as populações afetadas para que surja uma fome em massa.
Apesar das repetidas intenções dos líderes mundiais para acabar com a fome, a fome em massa continua sendo crônica na África e Ásia. Em julho de 2005, a Famine Early Warning Systems Network classificou o Níger com status de emergência, assim como Chade, Etiópia, Sudão, Somália e Zimbabue. Em janeiro de 2006, as Nações Unidas alertaram que 11 milhões de pessoas na Somália, Quênia e Etiópia estava em perigo de severa fome em massa por uma combinação de conflitos militares e seca prolongada[2]. Em 2007, a crise mais séria é da Darfur no Sudão.
Alguns acreditam que a revolução verde é a resposta para as fomes, principalmente durante as décadas de 1970 e 1980. A revolução verde começou no século XX com sementes híbridas de plantações de alta produtividade. Alguns criticam o processo, argumentando que estas novas plantações requerem mais fertilizantes químicos e pesticidas, que podem ser danosos ao meio ambiente. Porém, é uma opção para nações sofrendo com fome em massa. Estas plantações de alta produtividade tornam tecnicamente possível alimentar o mundo e acabar com a fome. Mas alguns problemas de natureza ética, assim também diferenças culturais e de classe podem ser o real problema em vez de falha das plantações. Além disso, existem indicações de que a capacidade de produção de alimentos tenha atingido o máximo em várias regiões do mundo, devido a certas estratégias associadas com uso excessivo de água de poços, uso excessivo de pesticidas e outros agentes químicos.
Nota-se que as fomes modernas são invariavelmente o resultado de políticas econômicas mal planejadas, fomes em massa causas de propósito para empobrecer ou marginalizar certas populações ou atos de guerra deliberados. Economistas políticos têm investigado as condições políticas que a fome pode ser prevenida. Amartya Sen demonstra que as instituições liberais que existem na Índia, incluindo eleições competitivas e imprensa livre, teve um papel significativo em evitar uma fome em massa neste país desde sua independência. Alex de Wall tem desenvolvido esta teoria para se focar nos "contratos políticos" entre os governantes e as pessoas que garantem a prevenção da fome em massa, notando a raridade de certos tipos de contrato políticos entre as populações e governantes africanos, e também o perigo que as agências de ajuda internacionais não tenham a capacidade de responsabilizar estes governos por sua incompetência.

[editar] Causas da fome

A fundamental causa da fome é a sobrecarga de certas áreas devido a superpopulação, ocasionando falha de produção. Fomes podem ser exacerbadas por péssimos governos ou logística inadequada para distribuição de alimentos. Fomes modernas têm ocorrido em nações que, como um todo, não tinham falta de alimentos. Uma das maiores fomes em massa da história, proporcional a população afetada, foi a Grande Fome Irlandesa, de 1845-1849, que começou em 1845 pelo fato dos alimentos sendo enviados da Irlanda para a Inglaterra por que a Inglaterra tinha capacidade de pagar um preço maior. A maior fome de toda a história em números absolutos, foi a fome chinesa de 1959-1960, que ocorreu com o inicio do governo comunista graças ao Grande Salto Adiante.
Um contraste interessante é como algumas nações africanas, no final da década de 1970 e início da década de 1980, que ainda eram democráticas na época, como Zimbábue e Botswana, conseguiram evitar a fome em massa, enquanto as ditaduras do Sudão e Etiópia sofriam em larga escala. Elas evitam na época uma fome em larga escala simplesmente criando empregos de curto prazo para as populações mais afetadas, garantindo o mínimo de dinheiro para elas comprarem alimentos.
Falta de alimentos e falha de uma colheita em uma região por si só não é um fator determinante para fome em larga escala. Regiões que conseguiram desenvolver seus sistemas produtivos e econômicos para gerar riqueza por outros meios além da agricultura conseguem importar facilmente suas reservas alimentícias e suprir a população. Fome é largamente associada com nações de baixo nível de desenvolvimento, com falta de agricultura industrial, se focando em agricultura de subsistência com baixa produtividade.
Desastres, seja naturais ou criados pelo homem, são associadas com condições para se criar fome em massa desde que a humanidade começou a recordar a sua história. A Torah judaica descreve varias situações deste tipo. Guerra, em particular, sempre foi associada com fome em massa, particularmente em locais em que as batalhas são em terra, queimando ou contaminando campos.
Como o observado pelo economista Amartya Sen, fome as vezes é um problema de distribuição de alimentos e pobreza. Em alguns casos, como o do Grande Salto Adiante chinês, Coreia do Norte na década de 1990, ou Zimbábue no inicio do século XXI, fome é causada por falha política não intencional, falta de planejamento. Algumas vezes, fome em massa pode ser usada como ferramenta para eliminar opositores políticos, como o Holodomor na Ucrânia. Em outro casos, como na Somália, fome é uma consequência da desordem civil, onde as redes de distribuição de alimentos se rompem.
No inicio do século XX, fertilizantes nitrogenados, novos pesticidas, agricultura em desertos, e outras tecnologias agrárias começaram a serem usadas como armas contra a fome. Entre 1950 e 1984, a revolução verde transformou a agricultura ao redor do mundo, em que a produção de grãos aumentou em mais de 250%. Mas esta revolução não funciona em área cujo o problema da fome é a guerra ou problemas políticos.

[editar] Efeitos da fome

Os efeitos demográficos da fome são pesados, mesmo que em curto prazo. Mortalidade é concentrada entre as crianças e idosos. Um consistente fato demográfico em todas as fomes em massa registradas, é que a mortalidade masculina é maior que a feminina, até mesmo em populações onde os homens vivem mais. Razões para isso é a maior resistência da mulher aos efeitos da fome, e que as mulheres tem mais conhecimento para conseguir comida de outras fontes para aliviar os efeitos.
Fome em massa também vem acompanhada de baixa taxa de fertilidade, seguido de explosão na taxa de natalidade logo após a fome. Mesmo que algumas teorias como de Thomas Malthus predizem que as fomes em massa reduzem a população para a quantidade de alimentos disponível, o fato é que mesmo as mais severas fomes em massa raramente conseguiram controlar o tamanho da população por mais de alguns anos.

[editar] Níveis de insegurança nutricional

Nos tempos modernos, governos e ONGs de ajuda humanitária, tem recursos limitados para controlar os casos de fome em várias partes do planeta simultaneamente. Então foram desenvolvidos vários métodos para mensurar o nível de segurança alimentícia para alocar de forma mais eficiente a ajuda. Um dos primeiros métodos foi o Código de fome indiano, criado pelos britânicos na década de 1880. Os códigos listavam três estágios se insegurança alimentar: quase escasso, escasso e fome em massa, e este método influenciou o desenvolvimento de outras técnicas de alerta e instrumentos de medição.
Outro sistema de alerta foi criado para monitorar o norte do Quênia também possui três estágios, mas cada um associado a uma reposta pré-planejada para mitigar a crise e prevenir sua deterioração.
As experiências das organizações de ajuda humanitária ao redor durante as décadas de 1980 e 1990 resultaram em dois grandes desenvolvimentos: a abordagem "livelihoods" e o aumento de indicadores nutricionais para determinar a severidade da crise. Fome em massa não começa a matar pessoas até que ele destrua sua maneira de sobrevivência (livelihoods). Indivíduos e grupos em situação de falta de alimentos começam a fazer racionamento, procurando alternativas para suplementar sua renda, antes de tomar atitudes desesperadas, como vender sua própria casa ou fazenda. Apenas quando todos os meios de suporte acabaram, a população afetada começa a migrar em procura de comida e termina vitima da fome. Fome em massa pode ser visto como um fenômeno social, envolvendo os mercados, o preço dos alimentos e as estruturas de suporte social. Uma segunda lição aprendida é uso de mecanismos de rápida garantia nutricional, em particularmente das crianças, como um meio de mensurar a severidade da fome em massa.
Desde 2004, muitas das mais importantes agencias de ajuda humanitária tem adotado uma escala de cinco níveis para mensurar a amplitude e a intensidade da fome. A escala de intensidade usa tanto índices econômicos e mortalidade, para classificar a situação como "seguro", "inseguro", "crise", "fome", "fome severa" e "fome extrema". O numero de mortes determina a amplitude, onde menos de 1000 fatalidades é classificado como "fome residual" e uma "fome catastrófica" tendo mais de 1 milhão de mortes.
Em setembro de 2010, entretanto, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (conhecida pela sigla FAO, do seu nome em inglês, Food and Agriculture Organization) distribuiu um comunicado baseado em seus estudos, em que afirma que, pela primeira vez em quinze anos, o índice de fome no mundo diminuiu, regredindo para menos de 1 bilhão de pessoas. Esta queda significativa, é analisada pela organização como resultado do crescimento econômico no Terceiro Mundo e à redução mundial dos preços dos alimentos, que acontece desde 2008.[3] Estes números porém, ainda continuam abaixo das expectativas da ONU, que havia estabelecido uma meta para o milênio de um máximo de 400 milhões de pessoas ao redor do mundo. As regiões com maior índice de fome são a Ásia e o Pacífico, que apesar disso foram as que apresentaram a maior taxa de declinio da desnutrição, com a África subsaariana apresentando o maior índice.[4]

[editar] Fomes em massa passadas, por região

[editar] Fome na África

No meio do século 22 antes de Cristo, uma repentina e curta mudança climática causou queda no volume de chuvas, resultando em décadas de seca no Egito. A fome e os problemas civis ocasionados acredita-se que tenha sido a causa do colapso do reino antigo. Um dos registos do primeiro período intermediário dizia "Todo o alto Egito está morrendo de fome e as pessoas estão comendo suas crianças". Historiadores da fome africana tem documentado vários casos na Etiópia e tem explorado os mecanismos tradicionais adotados pelas sociedades africanas para minimizar o risco e prover comida para os mais vulneráveis em tempos de crise.
O encontro colonial viu a África sofrer numerosos e gigantescos casos de fome. Possivelmente o pior episódio tenha ocorrido em 1888 em nos anos subsequentes, com pestes infectando o gado na Eritreia, que se espalhou até a África do Sul. Na Etiópia é estimado que até 90% de todo gado nacional tenha morrido, transformando ricos fazendeiros em pobres da noite para o dia. Isso coincidiu com uma seca causada por uma oscilação do El Niño, epidemias de varíola, e em vários países, guerra intensa. No Sudão no ano de 1888 é lembrado uma das piores fomes da história, pesando também as dificuldades impostas pelo estado mahdista. A tentativas coloniais de "pacificação" só acabaram piorando a situação, como por exemplo a repressão da revolta Maji Maji de 1906. A introdução de plantações não alimentícias como algodão, e as medidas para forçar os fazendeiros a plantarem isto, também causou muita miséria, como no norte da Nigéria, contribuindo para uma fome em massa após uma severa seca em 1913.
Porém, pela metade do século XX, África não era considerada com perigo de fome em massa, exceto por pequenos episódios localizados, como em Ruanda durante a Segunda Guerra Mundial. O espectro da fome voltou no inicio da década de 1970, quanto a Etiópia e o oeste africano sofreram uma enorme seca. A fome etíope é largamente associada também a crise do feudalismo neste país, que ajudaram na queda do imperador Haile Selassie.
Crianças somalis esperando pela ajuda americana da Operação Good Relief em 1992
Desde então, as fomes na África tem se tornado cada vez mais frequentes, maiores e mais severas. Muitos países Africanos não são autossuficientes na produção de alimentos, precisando de outras plantações não alimentícias para conseguir dinheiro. Agricultura na África é vulnerável a flutuação climática, especialmente secas, que podem reduzir o volume de alimentos produzidos. Outros problemas também incluem infertilidade do solo, degradação e erosão, além de desertificação. A mais séria das fomes em massa africanas foram causadas por uma combinação de seca, mal planejamento econômico e conflitos. A fome etíope de 1983-1985, por exemplo, tem estes três fatores, piorados por uma censura do governo comunista etíope em meio a uma crise. No Sudão, em torno da mesma data, seca e crise econômica combinados com a negação que existe falta de comida no país pelo então presidente Gaafar Nimeiry, criaram uma crise que matou aproximadamente 250 mil pessoas, e ajudou para a queda de Nimeiry.
Numerosos fatores pioram a seguridade alimentícia na África, incluindo instabilidade política, conflitos armados e guerra civil. corrupção política e péssimo gerenciamento dos suprimentos alimentícios, além de políticas de comércio que danificam a agricultura Africana. Um exemplo é a fome em massa criada por abusos nos direitos humanos em Darfur no Sudão. AIDS também tem colaborado para danificar a agricultura, reduzindo a força de trabalho.
Recentes exemplos de fome africana incluem a Etiópia em 1973 e meados de 1980, Sudão na década de 1970 e de novo em 1990 e 1998. A fome de Uganda é, em termos de taxa de mortalidade, uma das piores na história, 21% da população morreu, incluindo 60% das crianças.[5]

[editar] Fome na América

[editar] América do Sul

[editar] Brasil
Entre 1877-78 foi registrada a maior seca da História do Brasil,[6][7] que causou aproximadamente 1 milhão de vítimas.[8] A estiagem de 1915 foi, também, desastrosa.[9]
Nas secas de 1915 e 1932, foram criados campos de concentração no Ceará.[10][11] O objetivo destes campos, era impedir que retirantes que migravam do interior, fugindo da seca e da fome, chegassem às grandes cidades. Estes locais de confinamento passaram a ser conhecidos como currais. [12]

[editar] Fome na Ásia

[editar] China

Escolares chineses mantém o registro de 1828 casos de fome em massa desde o ano de 108 antes de cristo até 1911 em uma ou outra província. Uma média de um caso de fome por ano. A burocracia da dinastia Qing, que devotava extensiva atenção em minimizar os casos de fome, é credito em ter evitado uma série de fomes depois de um El Niño que causou enchentes e secas. Estes eventos são comparáveis, apesar de em menor escala, aos eventos ecológicos das vastas fomes do século XIX. A China de Qing levou suas ajudas humanitárias, que incluía vastos carregamentos de comida, um requerimento para os ricos abrirem seus suprimentos aos pobres e regulação de preços, como parte de uma garantia de subsistência aos pobres, conhecida como ming-sheng.
Quando a monarquia alterou o controle estatal e os carregamentos de alimentos foram substituídos por caridade monetária no meio do século XIX, o sistema quebrou. Então entre 1877-1878 ocorreu a Grande fome do norte chinês, causado por uma seca pelo norte da China, uma vasta catástrofe. A província de Shanxi foi substancialmente devastada. A mortalidade estimada foi entre 9.5 a 13 milhões de mortos.
[editar] Grande Salto Adiante
A maior fome em massa do século XX, e possivelmente de todos os tempos, foi a fome de 1958-1961 na China, durante o Grande Salto Adiante, proposto por Mao Tse-tung. O objetivo era transformar a China, uma nação agrária, em potência industrial, em um único grande salto. Seguindo esta visão, o Partido Comunista Chinês insistiu para que os camponeses abandonassem suas fazendas e passassem à agricultura coletiva, inclusive produzindo aço em pequenas metalúrgicas, muitas vezes derretendo os próprios instrumentos de trabalho agrícola, no processo.
Os planos completamente surrealistas de produção descentralizada do aço necessitavam desesperadamente de força de trabalho. No campo, a coletivização da agricultura foi acompanhada de uma queda do investimento no setor. Ao mesmo tempo que as condições climáticas eram desfavoráveis à produção agrícola, havia enorme desperdício de alimentos nas salas comunitárias de alimentação. Eram sinais do início da catástrofe.[13].
Com o controle totalitário da informação e a pressão intensa para que os partidários reportassem apenas boas noticias, qualquer informação sobre a escalada do desastre era suprimida. Quando a liderança começou a perceber a escala da fome em massa, nada foi feito; permanecia a censura de qualquer discussão sobre o cataclismo que estava ocorrendo. A censura era tão efetiva que poucos chineses perceberam a dimensão do problema, na época. Somente, 20 anos após, quando a censura começou a ser amenizada, a população chinesa entenderia o maior desastre demográfico em tempos de paz do século XX.
Estima-se que fome de 1958-1961 tenha causado até 30 milhões de mortes e mais de 30 milhões de abortos ou gravidezes atrasadas. Somente quando a fome em massa atingiu seu pior momento, Mao reverteu todos os planos de coletivização. Estes só foram efetivamente desmontados em 1978, com o inicio da abertura da economia chinesa ao exterior.
Desde 1961, não se registram graves crises alimentares na China.

[editar] Índia

Vítimas da fome à espera de auxílio em Bangalore. Imagem publicada pelo The Illustrated London News em 20 de Outubro de 1877.
Estão registrados 14 casos de fome em massa na Índia entre o século XI e XVII. Por exemplo, durante os anos de 1022-1033, grandes fomes em massa devastaram províncias inteiras na Índia. Fome de 1630-1632 em Decão na Índia, A fome de Deccan matou ao menos 2 milhões de pessoas entre 1702-1704. B.M Bhatia acredita que fomes anteriores eram localizadas, e foi apenas depois de 1860, com a colonização britânica, que a fome passou a significar falta generalizada de grãos no país. Aproximadamente 25 grandes fomes ocorreram pelos estados como Tamil Nadu ao sul, Bihar e Bengala a leste durante a metade do século XIX, matando entre 30 a 40 milhões de Indianos.[1]
Romesh Dutt argumentou no inicio do século XX, e estudiosos atuais como Amartya Sen concordam, é que as fomes eram um produto tanto da chuva irregular e das políticas econômicas e administrativas britânicas, que desde de 1857 deixou sequelas, como: a conversão das fazendas locais para plantações de estrangeiros, restrições no comércio interno, taxação pesada dos indianos para as expedições mal sucedidas no Afeganistão, medidas inflacionarias que aumentarão o preço dos alimentos e as exportações de alimentos para a Inglaterra. Alguns cidadãos britânicos, como William Digby, protestaram para reformas políticas e ajuda a fome, mas lord Lytton, o viceroy do governo britânico na Índia, foi contra estas mudanças, acreditando que isso estimularia preguiça entre os trabalhadores indianos. A primeira, a Fome de 1770 em Bengala, é estimada que tenha matado 10 milhões, quase um terço da população da região na época. As fomes continuaram até a independência em 1947, com a Fome de 1943 em Bengala entre as piores, matando 3 a 4 milhões de indianos durante a Segunda Guerra Mundial.
As observações da Comissão da Fome de 1880 suporta a noção que a distribuição de alimentos é mais culpada pelas fomes do que a falta de alimentos. Eles observaram que cada província na Índia britânica, incluindo Burma, tinha superavit na produção de alimentos, de em torno de 5.16 milhões de toneladas. Naquela época, a exportação anual de arroz e outros grãos da Índia era de aproximadamente 1 milhão de toneladas.
Em 1966, chegou a ter um alerta em Bihar, onde os Estados Unidos alocaram mais de 900 mil toneladas de grãos para lutar contra a fome.

[editar] Coreia do Norte

Fome em massa atingiu a Coreia do Norte em meados da década de 1990, criadas por enchentes sem precedentes. Esta sociedade tinha conseguido nos anos anteriores autossuficiência através de massiva industrialização da agricultura. Porém, o sistema econômico dependia de massivas reservas de combustíveis fósseis a preço subsidiado pela União Soviética e República Popular da China. Com o colapso da União Soviética e a conversão da China para a economia de mercado com moeda forte, a economia norte coreana entrou em colapso. O vulnerável setor de agricultura sofreu uma falha massiva entre 1995 e 1996, expandindo para fome em massa de 1996 até 1999. É estimado de 600 mil morreram de fome[14]. A Coreia do Norte ainda não conseguiu autossuficiência novamente, e depende de ajuda vinda da China, Japão, Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Recentemente, a Coreia do Norte requisitou que os suprimentos de alimentos não sejam mais entregues.

[editar] Vietnã

Varias fomes em massa ocorreram no Vietnã. A ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial causou a Fome vietnamita de 1945, que causou 2 milhões de mortos. Depois da unificação do pais após a Guerra do Vietnã, houve uma breve crise durante a década de 1980, que fez várias pessoas deixarem o país.

[editar] Fome na Europa

[editar] Europa Ocidental

A Grande fome de 1315-1317 foi a primeira crise que atingiria a Europa no século XIV, milhões de pessoas no norte europeu morreram, marcando claramente o fim do antigo período de crescimento e prosperidade durante os séculos XI e XII. Começando com um tempo ruim na primavera de 1315, falhas das plantações duraram até o verão de 1317, cuja a Europa não se recuperou até 1322. Este período foi marcado por níveis extremos de atividade criminal, doenças e mortes em massa, infanticídio além de canibalismo. Ela teve consequências para a Igreja, o estado e toda sociedade europeia, além das calamidades futuras que se seguiriam.
O século XVII foi um período de mudanças para os produtores de alimentos da Europa. Por séculos eles viveram primariamente como fazendeiros de subsistência em um sistema feudal. Eles tinham obrigações com seu lord, que poderia tirar a terra deles. O lord do feudo retirava uma porção do que era colhido e dos animais durante o ano. Os agricultores tentavam minimizar a quantidade de trabalho que eles tinha que fazer na produção de alimentos. Seus lords raramente faziam pressão para eles aumentarem sua produção, exceto quando a população começava a aumentar, onde os próprios agricultores aumentavam a produção por conta própria. Mais terra era adicionada para cultivo até não ter mais disponível, onde os agricultores eram forçados a usar métodos mais trabalhosos de produção. Mesmo assim, eles geralmente trabalhavam o menos possível, dedicando seu tempo para outras coisas, como caça, pesca ou simplesmente fazendo nada, desde que eles tinham comida suficiente para sustentar a própria família. Não era do interesse deles produzir mais do que ele podia comer ou guardar para ele mesmo.
Isto passou a mudar, e seguindo a tendência dos séculos anteriores, começou a ter um aumento na agricultura voltada ao mercado. Fazendeiros, pessoas que alugavam terras para fazer lucro do produto colhido, usando trabalho assalariado, começou a se tornar cada vez mais comum, particularmente na Europa Ocidental. Era do interesse do fazendeiro agora produzir a maior quantidade possível de sua terra para poder vender em áreas que houvesse demanda do produto. Os fazendeiros pagavam seus trabalhadores em dinheiro, aumentando a comercialização em áreas rurais da sociedade. Está comercialização teve impacto profundo no comportamento dos agricultores. Agora os fazendeiros estavam interessados em aumentar a quantidade de trabalho em sua terras, não reduzir como os agricultores de subsistência estavam.
Os agricultores de subsistência também passaram a ser forçados a comercializar suas atividades devido ao aumentos dos impostos. Os impostos que tinham que ser pagos a um governo central em dinheiro, fez com que eles tivessem que começar a vender seus produtos. Eles sempre davam um jeito de garantir a própria subsistência além das obrigações com os impostos. Os agricultores também passaram a usar seu dinheiro novo para comprar produtos manufaturados. Os desenvolvimentos da agricultura e da sociedade encorajando o aumento da produção de alimentos foram gradualmente ganhando força durante o século XVII, mas acabaram sendo atingidos pelas condições adversas para a produção de alimentos na Europa ao final do século, graças a uma tendência do resfriamento da temperatura do planeta Terra.
A década de 1590 viu a pior fome em massa em séculos por toda a Europa, exceto em algumas áreas, notavelmente a Holanda. A fome foi relativamente rara durante o século XVI. A economia e a população começaram a crescer rápido assim as populações de subexistência tendem quando existe um período estendido de paz relativa. Apesar dos agricultores em áreas de alta densidade populacional, como o norte da Itália, aprenderam como aumentar sua produtividade através de técnicas como cultura promiscua, eles ainda eram um tanto vulneráveis a fomes, forçando eles a trabalharem na terra ainda mais intensamente.
Todas as áreas da Europa foram afetadas, especialmente as rurais. A Holanda conseguiu escapar da maioria dos efeitos mais devastadores da fome, apesar de que ainda assim tenham sido tempos de dificuldades. Fome em massa não se estabeleceu neste país, os negócios de venda de grãos de Amsterdam com a região báltica garantiu que os holandeses conseguissem o mínimo para comer.
A Holânda tinha a agricultura mais comercial de toda a Europa na época, com várias plantações industriais. A agricultura era cada vez mais especializada e eficiente. Como resultado, a riqueza aumentou, permitindo que a Holanda mantivesse um alto suprimento alimentício. Pela década de 1960, a economia era ainda mais desenvolvida, então o país conseguiu passar por mais um período de fome em massa europeu com maior facilidade.
Nos anos em torno da década de 1960, viu-se um novo período de fomes em massa pela Europa. Estas fomes geralmente eram menos severas que as de 25 anos antes, mas ainda assim eram bem sérias em alguma áreas. Talvez a pior fome em massa foi a de 1696 na Finlândia, que matou 1/3 da população.[15]
O período de 1740 a 1743 viu invernos rigorosos e secas no verão, que levou fome pela Europa, ocasionando um grande aumento de mortalidade.
Outras áreas são conhecidas por terem sofrido com a fome mais recentemente. França passou por um período de fome no século XIX. E fomes em massa ainda ocorriam no leste europeu durante o século XX.
Em 1845 á 1849, a Grande Fome Irlandesa, resultado das políticas de comércio britânicas sob o controle de John Russell, aconteceu. A resposta dele para a crise de alimentos foi deixada para que as forças de mercado resolvessem por conta própria. O resultado desta política, é que os alimentos irlandeses continuaram sendo exportados mesmo após o inicio da fome, aumentando ainda mais os preços dos alimentos. O resultado imediato foram 1 milhão de mortos e mais 1 milhão de refugiados, a maioria indo para a Inglaterra e Estados Unidos. Após o período de fome passar, infertilidade causada pelas doenças da fome e imigração, piorados pela economia controlada pelo reino britânico, causou uma queda populacional por 100 anos. A população só voltou a crescer quando a Irlanda ganhou a independência, que até então, estava pela metade desde o período de fome.
A fome voltou para a Holanda durante a Segunda Guerra Mundial, no que ficou conhecida como a Fome Holandesa de 1944. Está foi a última fome da Europa Ocidental, em que 30 mil pessoas morreram. Outras áreas passaram por períodos de fome no mesmo período.
[editar] Itália
Falhas de colheitas foram devastadoras para a economia do norte da Itália. A economia da área conseguia se recuperar bem das ultimas fomes em massa, mas as fomes de 1618 até 1621 coincidiram com um período de guerras na região. A economia não se recuperou por séculos. Houve uma fome severa pelo final na década de 1640, e algumas menos severas pelas década de 1670.
[editar] Inglaterra
A agricultura inglesa não era tão desenvolvida como a holandesa, mas em 1650, sua indústria agrária começou a se comercializar em larga escala. A última fome em tempos de paz na Inglaterra foi a de 1623 á 1624. Ainda houve alguns períodos de fome, assim como na Holanda, mas nenhuma como esta. O crescimento da população continuou pesando na segurança alimentar.

[editar] Rússia e União Soviética

Secas e fomes no Império Russo eram conhecidas por ocorrer de cada 10 a 13 anos, com secas que aconteciam, em média, a cada 5 a 7 anos. As crises alimentares continuaram na União Soviética, sendo a mais famosa o Holodomor na Ucrânia, entre 1932 e 1933. A ultima grande fome da União Soviética ocorreu em 1947, por conta de uma severa seca.

[editar] Ver também

Referências

  1. a b Diplomatique UOL.. O genocídio da grande fome do século 19
  2. Relatório da FAO
  3. Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos, diz FAO
  4. BBC: Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos, diz FAO
  5. Report on Uganda
  6. CDC - Drought, Smallpox, and Emergence of Leishmania braziliensis in Northeastern Brazil
  7. Tomislav - ARTIGOS IMPRENSA: RETIRANTES DE 1877
  8. Press Princeton - Cormac Ó Gráda. Famine: A Short History. ISBN 0691122377
  9. FAO - PARTICIPATORY MANAGEMENT OF RESERVOIR FISHERIES IN NORTH-EASTERN BRAZIL
  10. Papodebudega - Campos de Concentração no Brasil, sim, eles existiram...
  11. História Abril - Ceará: nos campos da seca.
  12. Diariodonordeste - Currais humanos.
  13. Communal dining and the Chinese Famine 1958-1961
  14. We look at it and see ourselves
  15. Finnish Environmental Health Action Plan

[editar] Bibliografia

  • Asimov, Isaac, Asimov's New Guide to Science, pp. 152–153, Basic Books, Inc. : 1984.
  • Bhatia, B.M. (1985) Famines in India: A study in Some Aspects of the Economic History of India with Special Reference to Food Problem, Delhi: Konark Publishers Pvt. Ltd.
  • Davis, Mike, Late Victorian Holocausts: El Niño Famines and the Making of the Third World, London, Verso, 2002 (Excerpt online.)
  • Dutt, Romesh C. Open Letters to Lord Curzon on Famines and Land Assessments in India, first published 1900, 2005 edition by Adamant Media Corporation, Elibron Classics Series, ISBN 1-4021-5115-2.
  • Dutt, Romesh C. The Economic History of India under early British Rule, first published 1902, 2001 edition by Routledge, ISBN 0-415-24493-5
  • Genady Golubev and Nikolai Dronin, Geography of Droughts and Food Problems in Russia (1900-2000), Report of the International Project on Global Environmental Change and Its Threat to Food and Water Security in Russia (February, 2004).
  • Greenough, Paul R., Prosperity and Misery in Modern Bengal. The Famine of 1943-1944, Oxford University Press 1982
  • Mead, Margaret. “The Changing Significance of Food.” American Scientist. (March-April 1970). pp. 176–189.
  • Sen, Amartya, Poverty and Famines : An Essay on Entitlements and Deprivation, Oxford, Clarendon Press, 1982
  • Srivastava, H.C., The History of Indian Famines from 1858-1918, Sri Ram Mehra and Co., Agra, 1968.
  • Sommerville, Keith. Why famine stalks Africa, BBC, 2001
  • Woo-Cumings, Meredith, The Political Ecology of Famine: The North Korean Catastrophe and Its LessonsPDF (807 KiB), ADB Institute Research Paper 31, January 2002.

[editar] Ligações externas

















A economia mundial poderia suportar uma desordem generalizada derivada de uma grande catástrofe natural ou um ataque extremista durante apenas uma semana, afirma o relatório do grupo de peritos da Chatham House, do Reino Unido.
O relatório alerta para a frequência dos desastres naturais e incapacidade económica mundial de lhe fazer frente. A tolerância máxima seria uma semana.
“Uma semana parece ser a tolerância máxima da economia mundial”, defende a Chatham House.
A economia mundial é actualmente frágil, o que a deixa particularmente vulnerável a golpes imprevistos. Até 30% do PIB dos países desenvolvidos poderia ficar comprometido em caso de um desastre natural, especialmente no sector manufatureiro e turismo.
Estima-se no relatório que o Síndrome respiratório agudo (SARS) na Ásia poderia custar 60 mil milhões de dólares, ou seja 2% do PIB asiático.
Depois do tsunami japonês e da falha nos reatores químicos, a produção industrial mundial caiu 1,1% no mês seguinte, segundo o Banco Mundial.
A nuvem de cinzas em 2010 custou à União europeia entre cem mil milhões e dez mil milhões de euros e levou a linhas aéreas e companhias aéreas à beira da falência.