domingo, 28 de fevereiro de 2010

Popol Vuh

...mais uma postagem de um som maravilhoso do blgo da Luciana Aun...só por  curiosidade, o nome Popol Vuh refere-se a um dos...

termos no idioma quiché: Popol - reunião, comunidade, casa comum, junta e Vuh que significa livro. Popol Vuh ou ainda Popol Wuj (modernamente) é um dos poucos livros que restaram da civilização Maia. Trata-se de uma compilação de diversas lendas provenientes de diversos grupos étnicos da atual Guatemala ao sul da península de Iucatã.

Mais que um registro histórico, o livro revela a cultura maia pelo aspecto religioso porquanto as lendas que nos traz referem-se às explicações das origens daquele povo e dos fenômenos naturais que os cercavam.
Com a chegada dos espanhóis todos os livros que foram encontrados foram sistematicamente queimados sob argumento de que eram sacrílegos embora a explícita intenção dos invasores de não apenas de se apropriarem da terra dos maias como impor-lhes a cultura.
Ao ver dos conquistadores da época, este desrespeito e violência à cultura alheia eram beneméritos e visava salvar os maias do estado de selvageria que lhes imputavam. Apenas o Popol Vuh e fragmentos de outros dois livros maias se salvaram da destruição. Daí vem a importância fundamental de tal obra, que dá uma minúscula e pálida idéia da vida e costumes desta grande civilização.
É interessante notar que a criação do mundo pelo Popol Vuh relata que o Grande Pai e a Grande Mãe criaram os homens com a intenção de serem adorados por suas criaturas, e o fizeram pelo método da tentativa e erro grosseiramente assemelhada à teoria da evolução.
Conta que, primeiro, os deuses criaram a Terra, depois os animais e finalmente os homens. De início os homens foram feitos de barro mas não subsistindo, o Grande Pai os fez madeira e assim se conservaram embora tenham se tornado altivos, vaidosos e frívolos levando o Grande Pai a aniquilá-los por meio de um dilúvio.
Depois disto, os deuses fizeram a última tentativa e criaram quatro homens a partir de grãos de milho moídos e a partir de seus corpos criaram quatro mulheres que se multiplicaram e constituíram várias outras famílias.
Prevendo esta multiplicação os deuses ficaram temerosos que suas criaturas pudessem ter a idéia de suplantá-los em sua sabedoria e diminuiram a inteligëncia dos oito.
No Popol Vuh também há um relato de dois irmãos gêmeos Hunahpú e Ixbalanqué, vencedores das forças malignas e que nasceram de forma milagrosa já que a mulher que os concebeu era virgem.

[editar] Ver também

[editar] Ligações externas

  • El Popol Vuh. Obra maia traduzida ao espanhol, acessado em 6 de abril de 2006.
  • El Popul Vuh. Versão em castelhano, sítio acessado em 6 de abril de 2006.
  • The Popol Vuh. Texto vertido ao inglês, acessado em 6 de abril de 2006.
  • The Popol Vuh. Texto vertido ao inglês e acessado em 6 de abril de 2006.
  • The Popol Vuh. Sítio traduzido ao inglês e acessado em 6 de abril de 2006.
  • The Popol Vuh. Texto em inglês, acessado em 6 de abril de 2006.
  • The Popol Vuh. Tradução ao inglês, sítio acessado em 6 de abril de 2006.
  • O Popol Vuh. Tradução do espanhol ao português feita pela Google.

 

Admirável Mundo Novo


Autor Aldous Huxley
Idioma Inglês
País Inglaterra
Assunto Ficção Científica, Clonagem, Sociedade de Castas
Gênero Ficção Científica
Tradutor Lino Vallandro e Vidal Serrano
Editora
Brasil Editora Globo
Lançamento 1932
ISBN 250-3347-2 (Edição de Bolso em Português)
Cronologia
Último
Último
Contraponto
Sem Olhos em Gaza
Próximo
Próximo
Admirável Mundo Novo (Brave New World na versão original em língua inglesa) é um livro escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932 que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse "futuro" criado por Huxley não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família também não existe.

Índice

[esconder]

[editar] Personagens

Info Aviso: Este artigo ou seção contém revelações sobre o enredo (spoilers).

[editar] Por ordem de aparição

Thomas "Tomakin", Alfa, Diretor de Incubação e Condicionamento (D.I.C.) de Londres.
Henry Foster, Alfa, Administrador de Incubação e atual companheiro de Lenina.
Lenina Crowne, Beta-Mais, Vacinadora no Centro Incubação e Condicionamento. Ela usa verde, porém sempre diz que está feliz por não ser uma Gama. (Betas usam Amora, Gamas usam Verde). Amada por John, O Selvagem e Bernard Marx.
Polly Trotsky, (Casta indefinida), uma menina que brinca os jogos eróticos no jardim do Centro Incubação e Condicionamento.
Mustapha Mond Alfa-Mais-Mais, Administrador Residente da Europa Ocidental. Um dos dez Administradores Mundiais (os outros nove, presumidamente, devem atuar em diferentes localidades do mundo.)
Diretor-Adjunto de Predestinação, (Casta indefinida), amigo de Henry Foster. Conversa com Henry sobre ter relações com Lenina.
Bernard Marx, Alfa-Mais, Psicólogo (especializado em hipnopedia).
Fanny Crowne, Beta, embriologista. Melhor amiga de Lenina
George Edzel, (Casta indefinida), amigo de Lenina, viajou com ela para o Pólo Norte.
Benito Hoover, Alfa, amigo de Lenina. Convidou-a para viajar para o Pólo Norte com ele (mas ela preferiu o convite de Bernard para o Novo México). Desafeto de Bernard.
Helmholtz Watson, Alfa-Mais, Professor do Colégio de Engenharia Emocional (Seção de Redação), melhor amigo e confidente de Bernard Marx e John, O Selvagem.
Miss Keate, Diretora do Colégio Eton.
Primo Mellon, um repórter do jornal para castas superiores Rádio Horário que tenta entrevistar John, O Selvagem.
Darwin Bonaparte, um paparazzo que traz a atenção do mundo para o eremita John.

[editar] Da Cerimônia da Solidariedade

Morgana Rothschild
Herbert Bakunin
Fifi Bradlaugh
Jim Bokanovsky
Clara Deterding
Joanna Diesel
Sarojini Engels
Tom Kawaguchi

[editar] De Malpais

John, O Selvagem ("Sr. Selvagem"), filho de Linda e Thomas (Tomakin/D.I.C.). Rejeitado tanto na civilização primitiva como na moderna.
Linda, uma Beta-Menos. Mãe de John, O Selvagem e antigo amor perdido de Thomas. Ela é da Inglaterra e ficou grávida de John quando se perdeu de Thomas em uma viagem para o Novo México. Ela é desprezada tanto pelo povo selvagem, por causa de seu comportamento "civilizado", quanto pelo povo "civilizado" porque ela é gorda e velha. Seu sobrenome é uma referência a um mago e escritor inglês do sec XIX Aleister Crowley. Crowley também escreveu muitos artigos mágicos sobre uma ultópica sociedade perfeita chamada Cidade das Estrelas.
Popé, um nativo de Malpais. Embora ele seja o causador dos sentimentos de ódio por Linda em Malpais por dormir com ela e trazer-lhe "Mescal" e "Peyotl" (drogas nativas que segundo Linda deixam-na indisposta e com náuseas), ele ainda mantém as crenças tradicionais de sua tribo. John tenta matá-lo, quando ainda era pequeno.

[editar] Personagens Complementares

Esses são os personagens reais ou fictícios que morreram antes dos eventos do livro, mas são citados no romance:
Henry Ford, que se transformou numa figura messiânica para o Estado Mundial. "Oh Ford" ou "Nosso Ford" (our Ford), é usado no lugar de "Oh Senhor" ou "Nosso Senhor" (our Lord), como crédito por sua invenção da Linha de Montagem.
Sigmund Freud, "Nosso Freud" (our Freud) é algumas vezes citado no lugar de "Nosso Ford" devido a ligação entre Psicanálise Freudiana e o condicionamento humano, e a popular ideia de Freud de que a atividade sexual é essencial para a felicidade humana e não sendo necessariamente para procriação. Isto também implica fortemente que os cidadãos do Estado Mundial acreditavam que Freud e Ford seriam as mesmas pessoas.
Cap. 3 Mustapha Mond: "Our Ford-or Our Freud, as, for some inscrutable reason, he chose to call himself whenever he spoke of psychological matters…". Traduzindo "Nosso Ford – ou nosso Freud, como, por alguma razão inescrutável, preferia ser chamado sempre que tratava de assuntos psicológicos…"
H. G. Wells, "Dr. Wells", Escritor britânico e socialista utópico, cujo livro Men Like Gods foi um incentivo para Admirável Mundo Novo. Huxley escreveu em suas cartas: "All's well that ends Wells" (claro jogo de palavras utilizando o conhecido provérbio "Tudo bem quando termina bem" utilizado também por Shakespeare como título de uma de suas peças) para criticar Wells por seus pressupostos antropológicos ao qual Huxley achava irrealista.
Ivan Petrovich Pavlov, um dos teorizadores do condicionamento clássico (outro teorizador foi o psicólogo estadunidense John B. Watson, possivelmente o pessonagem Helmholtz Watson serve de alusão para John B. Watson). No romance o condicionamento clássico é utilizado em bebês.
William Shakespeare, cujas peças banidas são citadas em várias partes do romance por John, O Selvagem. As peças citadas incluem Macbeth, A Tempestade, Romeu e Julieta, Hamlet, Rei Lear, Medida por Medida e Otelo. (Veja Lista de citações de Shakespeare em Admirável Mundo Novo.) Mustapha Mond também as conhece porque ele, como um Administrador Mundial, tem acesso a uma seleção de livros de toda a história da humanidade, tão como a Bíblia.
Karl Marx, filósofo alemão que escreveu, entre outros, O Manifesto Comunista, no qual aborda temas sociais como a alienação do trabalho humano e a luta de classes. O personagem Bernard Marx, questionador da sociedade em que vive, recebeu o sobrenome adequadamente.
Thomas Malthus, cujo nome é usado para descrever a técnica anticonceptiva (cinto malthusiano) praticado pelas mulheres do Estado Mundial.

[editar] Castas

Castas Cores Jornais Processo Bokanovsky
Alfa Cinza (Grey) Rádio Horário (Hourly Radio) Não
Beta Amora (Mulberry) Rádio Horário (Hourly Radio) Não
Gama Verde (Green) Gazeta dos Gamas (Gamma Gazette) Sim
Delta Caqui (Khaki) Espelho dos Deltas (Delta Mirror) Sim
Ípsilon Preto (Black) - Sim

[editar] Enredo

O personagem Bernard Marx sente-se insatisfeito com o mundo onde vive, em parte porque é fisicamente diferente dos integrantes da sua casta. Num reduto onde vivem pessoas dentro dos moldes do passado uma espécie de "reserva histórica" - semelhante às atuais reservas indígenas - onde preservam-se os costumes "selvagens" do passado (que corresponde à época em que o livro foi escrito), Bernard encontra uma mulher oriunda da civilização, Linda, e o filho dela, John. Bernard vê uma possibilidade de conquista de respeito social pela apresentação de John como um exemplar dos selvagens à sociedade civilizada.
Para a sociedade civilizada, ter um filho era um ato obsceno e impensável, ter uma crença religiosa era um ato de ignorância e de desrespeito à sociedade. Linda, quando chegada à civilização foi rejeitada pela sociedade.
O livro desenvolve-se a partir do contraponto entre esta hipotética civilização ultra-estruturada (com o fim de obter a felicidade de todos os seus membros, qualquer que seja a sua posição social) e as impressões humanas e sensíveis do "selvagem" John que, visto como algo aberrante, cria um fascínio estranho entre os habitantes do "Admirável Mundo Novo".
Aldous Huxley escreveu, mais tarde, outro livro, chamado Retorno ao Admirável Mundo Novo, sobre o assunto: um ensaio onde demonstrava que muitas das "profecias" do seu romance estavam a ser realizadas graças ao "progresso" científico, no que diz respeito à manipulação da vontade de seres humanos.
Info Aviso: Terminam aqui as revelações sobre o enredo (spoilers).

[editar] Curiosidades

  • O título do livro é inspirado em uma fala da personagem Miranda, do livro A Tempestade, de William Shakespeare.
  • O sobrenome de Bernard Marx faz uma referência ao Karl Marx (que foi um dos percursores do socialismo científico. A sociedade retratada no livro tem semelhança com suas análises socio-economicas do capitalismo). De modo semelhante, o primeiro nome de uma outra personagem, Lenina Crowne, é muito semelhante com o de Lenin (o líder dos primeiros anos da Rússia Comunista).
  • O nome da música e álbum Admirável Chip Novo da cantora brasileira Pitty foi inspirada no título deste livro.
  • Há também a música Admirável Gado Novo, conhecida pela voz de Zé Ramalho, que cita, de forma subjetiva, várias idéias contidas na obra de Huxley.
  • A banda Iron Maiden tem uma música e um álbum chamados "Brave New World" (Admirável Mundo Novo) que inclusive rendeu numa passagem pelo Brasil e que mais tarde virou o DVD Rock In Rio.
  • A banda estado unidense The Strokes tem uma música chamada "Soma", que faz alusão a pílula "soma" descrita no romance de Huxley.
  • Há um filme com Silvester Stallone, chamado "O Demolidor" que caracteriza a sociedade criada por Huxley, todos os comportamentos condicionados e as normas sociais e suas proibições.A personagem de Sandra Bullock recebe o nome de Lenina Huxley, clara referência a obra .
  • No filme Equilibrium é retratada uma sociedade futurista, totalitária e distópica que reprime obras de arte e sentimentos individuais. A sociedade apresentada no filme utiliza uma droga condicionadora que inibe as emoções chamada de ¨Prozium¨.
  • Este mesmo filme, o personagem interpretado pelo ator Sean Bean lê o livro em certo momento.
  • Exceto o modelo de organização de sociedade apresentado no livro, tecnicamente é possível realizar muitos dos eventos ali previstos.[1]
  • O Ocultista Britânico Aleister Crowley contribuiu muito com os seus estudos sobre drogas e sua magia sexual, no tocante ao que possa ser considerado como paleativo para a alienação às contravenções instituídas na sociedade de Huxley. Crowley deixou alguns ensaios, indicados pelo pai de Huxley ao filho, que resumiam o comportamento do ser e sua vontade, e como ocorrem, reagem e se interagem essas influências numa socieade perfeita que outrora ja havia sido representada em literatura desde o renacentista Fraçois Rebelais no sec XV, na sua obra Gargantua e Pantagruel. Na obra de François havia uma abadia Thelème onde as pessoas pederiam ser tudo o que quisessem. Aprimorada por Mr. Crowley em seus conceitos esotéricos a abadia Thelème se estruturou como Cidade das Estrelas e mais tarde como Admiravel Novo Mundo.
  • Os filmes "Soilent Green" com Charlton Heston e "Fuga no Século 23" com Michael York e Farrah Fawcett retratam sociedades onde tudo é controlado para manter os cidadãos felizes, tranquilos e submissos a um poder central, num mundo perfeito que garante a sobrevivência da espécie depois que o mundo real tornou-se supostamente inabitável.
  • O filme Gattaca, de 1997, de Andrew Niccol, traz o mesmo debate sobre a existência e as contradições de uma "sociedade ideal". No elenco estão Ethan Hawke, Uma Thurman, Tony Shalhoub e Jude Law.
  • No primeiro filme da trilogia Matrix, o Agente Smith (Hugo Weaving) fala, em determinada cena, sobre a primeira versão do mundo virtual. O fracasso dele teria sido causado justamente por conta da extrema perfeição das relações interpessoais.

[editar] Outros livros sobre o mesmo tema

[editar] Ligações externas

Referências

  1. Revista Galileu, nº 211, fevereiro de 2009, p. 48

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Caos e Complexidade na Economia

Reproduzo do site de Manuel Grilo! muito massa!

1. A nova abordagem científica da complexidade


Do determinismo clássico aos trabalhos de Poincaré

A tradição científica ocidental afirma que as melhores teorias são as mais simples. É assim que desde os seus primórdios tem procurado descobrir aquilo que é essencial e invariante. Em especial, após a introdução por Galileo Galilei do método científico no século XVII, os cientistas passaram a acreditar que seria possível descobrir gradualmente todas as leis que regem a realidade e a determinam. Quem melhor exprimiu este sonho foi Pierre Simon Laplace, ao afirmar que «uma inteligência que, num dado instante, conhecesse todas as variáveis do Universo, abarcaria na mesma fórmula os movimentos de todos os corpos: nada seria incerto para ela, o futuro, tal como o passado, estaria presente a seus olhos». Com as Leis do Movimento de Newton, surge a Mecânica determinista Clássica e esta visão da realidade e das possibilidades da Ciência alcança o seu apogeu.
De acordo com este paradigma, pode-se prever, por exemplo, o comportamento de dois corpos gravíticos, explicando as órbitas da Terra em redor do Sol. Determinar os comportamentos possíveis de um sistema três corpos deveria ser também simples, embora mais trabalhoso. Só que a realidade reservava surpresas à inteligência humana.
Este problema era traduzido por um sistema de equações diferenciais, resultantes das leis de Newton, que descrevia a evolução do sistema. Há dois tipos de equações diferenciais: as lineares, que se podem resolver explicitamente, e as não lineares, impossíveis (salvo raras excepções) de resolver. Com a introdução do corpo gravítico adicional, o sistema tornava-se não linear e, logo, insolúvel.
Mais tarde, perto de 1880, o matemático francês Henri Poincaré trabalhou sobre este problema. Apesar de não poder resolver explicitamente o sistema de equações, Poincaré, num rasgo notável, verificou que podia tirar conclusões sobre a evolução do sistema, analisando-o qualitativamente, de forma a determinar se este evoluiria no sentido de um equilíbrio estacionário, uma órbita periódica ou outros comportamentos mais surpreendentes.
Poincaré descobriu então que o sistema de três corpos apresentava comportamentos extremamente irregulares, complexos e não-periódicos. Aquilo a que hoje se chama comportamento 'caótico'. Isto provocou um enorme choque ao cientista, pois contrariava profundamente tudo o que se conhecia e a Mecânica Clássica previa. Se três corpos já manifestavam um comportamento instável, como é que se podia garantir a estabilidade do Sistema Solar?
Na sequência do trabalho pioneiro de Poincaré, surgiu um novo campo de investigação sobre os Sistemas Dinâmicos, em especial os não-lineares, que acabou por se tornar conhecido sob o nome questionável de Teoria do Caos. Um sistema dinâmico não-linear não é determinista nem previsível, evoluindo no tempo com um comportamento aperiódico, longe do equilíbrio e fazendo depender o seu estado futuro do estado actual. O mais interessante é verificar que este tipo de comportamento é o mais frequente em sistemas reais, tais como uma panela de água ao lume, um sistema ecológico, a economia mundial ou a atmosfera. Esta característica única faz com que o eco do Caos chegue a ciências tão diferentes como a Física, a Biologia, a Economia, a Matemática ou a Gestão.

Da dependência sensível das condições iniciais aos atractores estranhos

A evolução da construção destas novas ideias prosseguiu com o auxílio da informática. O primeiro explorador informático do universo do Caos foi, inadvertidamente, Edward Lorenz, um matemático dedicado à meteorologia. Lorenz programou um simulador de clima no seu computador, um arcaico Royal McBee. O computador imprimia séries de números que representavam a evolução da pressão, temperatura, velocidade e direcção do vento. As equações diferenciais utilizadas por Lorenz tinham um aspecto perfeitamente inocente, até que um acaso revelou a sua verdadeira face.
Um dia, no Inverno de 61, Lorenz quis reexaminar uma sequência temporal do seu simulador. Para ser mais rápido, começou a meio, utilizando os números da série anterior como ponto de partida. As duas séries deveriam ser exactamente iguais, mas logo após alguns meses (simulados) divergiram e perderam qualquer semelhança. Lorenz pensou primeiro numa avaria do computador, mas a solução era mais simples: o computador guardava os números na sua memória com 6 casas decimais, mas só imprimia as três primeiras, para ser mais rápido. Ao introduzir os números impressos, Lorenz cometeu um erro na ordem dos décimo-milésimos. Foi este pequeno erro o suficiente para mudar completamente a evolução do sistema.
Mais tarde chamou-se a este comportamento 'Efeito Borboleta' ou Dependência Sensível das Condições Iniciais e costuma ilustrar-se com a noção de que o esvoaçar de uma borboleta hoje em Tóquio pode provocar uma tempestade violenta sobre Nova York em poucas semanas. Este efeito é suficiente para demonstrar a impossibilidade da previsão meteorológica e afastar de vez o determinismo Laplaciano: para se fazer uma previsão perfeita dever-se-iam conhecer as variáveis iniciais com uma precisão infinita. Para armazenar uma variável com precisão infinita, é preciso uma memória infinita. Sendo impossível dispor de uma tal memória, é impossível a previsão determinista.
Lorenz prosseguiu a análise dos sistemas dinâmicos. Escolheu um sistema de 3 equações diferenciais (que ficaram conhecidas por Equações de Lorenz) e representou graficamente o seu comportamento, utilizando novamente um computador.
Chama-se atractor ao comportamento para o qual um sistema dinâmico converge, independentemente do ponto de partida. Um pêndulo em movimento converge para uma oscilação de período constante, uma bola a rolar sobre uma superfície com atrito converge para uma situação de velocidade nula. Se representarmos por um ponto num gráfico tridimensional cada estado das Equações de Lorenz, podemos ver que convergem para um atractor tridimensional. No entanto, este atractor não corresponde nem a uma órbita regular nem à imobilização: é um 'atractor estranho', o sistema nunca assume o mesmo estado duas vezes, apesar de haver uma vizinhança mais povoada. O sistema é caótico, imprevisível, mas ao mesmo tempo converge para um atractor determinado.



Figura 2: O Atractor de Lorenz


Figura 3: Outro atractor estranho - o Atractor de Rossler
A universalidade dentro do caos

Em 1975, o físico Mitchell Feigenbaum debruçou-se sobre as estranhas propriedades da função recursiva Xn = k Xn-1 (1 - Xn-1). Começando num valor qualquer de X e dando um valor ao parâmetro k entre 0 e 4, podemos ver qual vai ser o comportamento a longo prazo do sistema repetindo a fórmula recursiva um bom número de vezes. De início, para valores de k pequenos, o sistema converge para um valor. Com k = 3, o sistema alterna entre dois valores: é uma solução de período 2. Para k = 3,5 o período passa a ser 4, em k = 3,56 duplica de novo, para uma solução de período oito, começando a partir daqui a haver uma duplicação de período cada vez mais rápida, que aparece no gráfico (figura 4) como uma ramificação, até que perto de k = 3,58 o sistema se torna caótico. No entanto, de forma fascinante, o Caos desaparece esporadicamente, surgindo janelas periódicas, para reaparecer logo a seguir.




Figura 4: O diagrama de bifurcações da aplicação logística Xn = k Xn-1 (1 - Xn-1), representando para cada valor de k os valores de X para que tende.
Feigenbaum começou depois a calcular os valores de k para os quais se davam as duplicações de período. Como utilizou uma calculadora programável muito lenta, convinha-lhe calcular o próximo valor de forma aproximada para ter de esperar menos tempo pelo resultado. Foi isto que lhe abriu a porta para uma descoberta estranhíssima: os números para os quais se dava uma duplicação de período aumentavam à razão constante de 4,6692016090. Espantado com esta regularidade, Feigenbaum repetiu os cálculos para a função trigonométrica Xn = k sen (Xn-1). Para sua surpresa, havia também uma razão de escalas, 4,6692016090: era igual!
Feigenbaum tinha descoberto a universalidade no Caos. O seu número é a constante de proporcionalidade para a duplicação de período não só em inúmeras funções matemáticas mas também em sistemas físicos reais, como células de convexão, fluidos turbulentos e até sistemas electrónicos, ópticos ou biológicos.

A geometria fractal da Natureza

Pode-se observar no gráfico desta função uma particularidade curiosa: a auto-semelhança. O diagrama contém cópias minúsculas de si próprio, repetindo até ao infinito o seu aspecto. Esta é uma das propriedades fundamentais de um novo conjunto de formas geométricas associado ao Caos: os Fractais.
A geometria fractal começou a ser concebida lentamente na mente de Benoit Mandelbrot desde a década de 50. Mandelbrot, matemático de formação, trabalhava nessa altura na secção de investigação pura da IBM, onde estava a estudar a distribuição de rendimentos numa economia. De visita a um colega, professor de economia em Harvard, ficou surpreso por encontrar no quadro um diagrama semelhante ao que estava a estudar. Só que não se tratava de uma representação gráfica de nenhuma distribuição de rendimentos, mas sim da evolução dos preços de algodão ao longo de oito anos.


Figura 5: Um exemplo de fractal - uma folha de feto gerada por iterações sucessivas
Entre as duas figuras havia uma semelhança surpreendente. Analisando-as, Mandelbrot descobriu um novo tipo de simetria: a simetria entre escalas. Sendo cada variação independente e aleatória, as curvas das variações diárias apresentavam um aspecto semelhante ao das curvas mensais. Esta constatação contrariava a convicção de que as variações de pequena escala eram apenas ruído e que nada tinham a ver com os movimentos de longo prazo, determinados pela evolução global da economia. O que Mandelbrot demonstrou foi que o grau de variação se manteve constante ao longo de sessenta anos, durante os quais ocorreram, por exemplo, duas guerras mundiais e uma profunda crise económica.
Sendo, por opção, um "nómada" interdisciplinar, Benoit Mandelbrot dedicou-se em seguida a assuntos tão diversos como a distribuição das palavras, a teoria dos jogos, a distribuição de grandes e pequenas cidades, os ruídos nos fios telefónicos ou as cheias do Nilo. Em cada um destes domínios divergentes encontrou a auto-semelhança entre escalas. A nova geometria, que só ganhou um nome em 1975, quando Mandelbrot encontrou o adjectivo fractus num dicionário de latim e lhe pareceu que fractal seria uma denominação apropriada, tanto pode ser encontrada em figuras criadas pela mente humana (como a curva de Koch ou o conjunto de Cantor) como na realidade (dois bons exemplos são os contornos de uma linha costeira e o sistema circulatório).



Figura 6: A Curva de Koch
O fractal mais conhecido como tal deve ser o conjunto de Mandelbrot. Trata-se de uma representação gráfica no plano complexo, originada por uma função recursiva tão simples como z z2 + c (sendo z e c número complexos, naturalmente). Pela sua aplicação repetida só há dois limites possíveis: ou converge para zero ou diverge para o infinito. Para traçar o conjunto, basta marcar a negro os pontos que correspondem aos z iniciais para os quais a função tende para zero, deixando os restantes a branco ou numa gradação de cores de acordo com a rapidez com que aumentam de valor. Mas a simplicidade termina aqui. Descobrir as formas que a fronteira do conjunto de Mandelbrot encerra é quase como desbravar as costas de um novo continente - e o exagero é puramente aparente, porque ampliam-se de tal forma parte do conjunto, para descobrir os seus detalhes, que se se observasse o conjunto completo a essa ampliação, este seria maior que o sistema solar! E pelo meio de formas fascinantes que nos fazem lembrar cavalos marinhos, ondas ou plantas exóticas (a nossa imaginação é o único limite...) encontramos um número infinito de copias do próprio conjunto numa diversidade impressionante de escalas. É a auto-semelhança levada ao seu extremo mais belo, como se pode observar na figura 7.
A tradução matemática desta complexidade geométrica é a introdução de um conceito tão bizarro como o de que dimensão de um fractal é fraccionária. A 'dimensão fractal' (originalmente, dimensão de Hausdorf-Besicovitch) traduz o grau de irregularidade de um fractal, sendo calculada através de uma definição matemática. Por exemplo, a dimensão fractal do Conjunto de Cantor é 0,6309
(log 2 / log 3), enquanto a da curva de Koch é 1,2619 (log 4 / log 3). Isto significa, por exemplo, que a curva de Koch, por ser mais "enrugada", ocupa mais espaço do que uma simples linha recta (dimensão 1), mas menos espaço do que uma superfície (que tem dimensão 2).



Figura 7: O Conjunto de Mandelbrot, em ampliações sucessivas


sábado, 27 de fevereiro de 2010, 06:00 | Online

Graphic novel on-line é a nova cara da resistência no Irã

HQ Zahara's Paradise, que estreou na última sexta, destaca situação no país após as eleições de 2009

SÃO PAULO - O momento em que a estudante Neda Soltan, caída no chão de asfalto em Teerã, revirou os olhos para o alto e começou a sangrar pela boca e pelo nariz tornou-se o símbolo maior dos protestos que se seguiram às fraudulentas eleições de junho de 2009 no Irã. Foi naquela época que a HQ Zahra’s Paradise, idealizada por um escritor iraniano e um cartunista árabe, começou a ganhar forma. A história fictícia trataria da busca de uma mãe, Zahra, por um filho, Mehdi, desaparecido durante as manifestações.

Não só a agonia da jovem teve influência, mas também o modo como as imagens chegaram ao público, postadas horas depois do ocorrido no YouTube e linkadas ao Facebook e ao Twitter para, só então, repercutirem nos meios tradicionais.

Em vez de esperar dois anos até a finalização e a publicação de uma graphic novel de 160 páginas, a editora norte-americana First Seconds resolveu seguir o exemplo do iraniano que jogou as cenas na rede e, do papel, o projeto migrou para a internet. O primeiro capítulo foi ao ar na sexta-feira passada, em página na internet, e novos episódios serão publicados todas as segundas, quartas e sextas-feiras pelos próximos 18 meses, quando, enfim, ganharão versão impressa.

É a maneira certa de chegar ao público, acredita o editor da HQ, Mark Siegel, numa época em que a realidade não se dissocia das novas mídias. "Quando o que aconteceu em Teerã foi tuitado e postado em blogs, o mundo teve a possibilidade de ver coisas que regimes repressivos como o dos aiatolás em geral escondem", diz Siegel ao Estado, de Nova York. O método permite também que a trama, que avançará no tempo até coincidir com os dias finais da publicação on-line - prevista para agosto de 2011 -, seja adaptada ao desenrolar dos fatos. Embora o fim esteja definido, as reviravoltas no governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad e do líder supremo Ali Khamenei podem levar a HQ a ganhar contornos inesperados.

Os autores de Zahra’s Paradise assinam os quadrinhos apenas com os primeiros nomes, Amir e Khalil. Com familiares na região em conflito, temem represálias. Embora a autora iraniana Marjane Satrapi  tenha aberto portas com sua HQ Persépolis - cuja trama se passa em 1979, pré-Revolução Islâmica -, a situação é diferente. "Ela deu uma voz nunca antes imaginada à geração dela naquele lindo trabalho autobiográfico. Nossos quadrinhos são fictícios, mas, ao mesmo tempo, tratam da história de todo mundo. A maior dificuldade é que diz respeito ao momento presente", diz Amir por telefone ao Estado, com sua fala que, suave e cuidadosa, chega a beirar o inaudível.

Anonimato

Amir é também jornalista, documentarista e ativista de direitos humanos. Antes de se estabelecer nos Estados Unidos, passou temporadas no Afeganistão, no Canadá e na Europa. Khalil, de origem árabe, faz cartuns desde muito jovem, embora Zahra’s Paradise seja sua primeira graphic novel, e também tem obras como ceramista e escultor. Os dois têm certo reconhecimento nos EUA - mas a HQ eles só assinarão com seus nomes completos caso a situação mude bastante no Irã.

Parte das primeiras reações à publicação on-line mostra que os dois têm razões para não revelarem os nomes. Alguns hate comments (comentários anônimos com ameaças) tiveram de ser apagados da página virtual, que abre espaço para internautas opinarem. Críticas menos agressivas foram mantidas. "Alguém que reza não manteria bebidas alcoólicas em sua casa. Isso seria um grande pecado", escreveu um internauta islâmico, ao qual outro leitor tratou de responder: "Alguém que teme a Deus de verdade não julga o comportamento dos outros."

Um outro internauta elogia a iniciativa, mas faz a ressalva de que, no Irã, mulheres de religiões diferentes nunca teriam uma relação tão afetuosa (a HQ mostra logo no começo uma islâmica recebendo uma amiga armênia, da minoria cristã, com um abraço) e que a protagonista, mãe do jovem desaparecido, "parece árabe, e não iraniana". "Num país como esse, onde se vê tantas culturas diferentes numa mesma vizinhança, é claro que você terá muitos pontos de vista diferentes", minimiza Siegel. "Amir, como iraniano, cria a partir de algo que fez parte de sua realidade desde sempre. Cada detalhe tem base na vida real."

A maior parte dos comentários, no entanto, é de apoio. Um leitor sueco se oferece para traduzir os textos para o seu idioma; outro, para o hebraico. Siegel vê as iniciativas como um sinal positivo, mas as traduções que já estão no ar - persa, árabe, francês, espanhol, italiano e holandês - não são feitas por leitores. Antes mesmo de entrar no ar, a First Seconds havia conseguido o aval de seis grandes editoras mundo afora, responsáveis por essas traduções e pelo futuro lançamento da HQ impressa. Por enquanto, nenhuma editora do Brasil se ofereceu para publicar a graphic novel, de modo que internautas brasileiros que não falem outro idioma podem no máximo pescar parte da história em espanhol.

Ausência

Zahra’s Paradise é, como afirma Amir, uma história sobre a ausência, sobre a mãe que não perde a crença no reencontro com o filho. Não à toa o título, além de remeter ao nome da mãe, é o nome de um cemitério no Irã. "A sensação de perda é algo que quase todo iraniano conhece", diz o autor. Ele não diminui sentimento na vida de pessoas de outras nacionalidade - "todos nós, no mundo inteiro, conhecemos ou conheceremos a sensação da perda, de um jeito ou de outro" -, mas acredita que a convivência dos iranianos com a sensação de perder um ente querido de uma hora para a outra interfere na forma como a arte é produzida naquele país.



"A ausência se torna parte da vida. A questão é de que maneira você lida com isso, e criação artística foi a maneira que encontrei", diz. Destaca que o cartum, símbolo mundial de resistência política, justamente por isso é forte naquela região. Não poucos amigos, conta, tiveram de abandonar o país após fazerem desenhos "hilários" de Ahmadinejad. "Não importa quão forte o Estado se torne, os iranianos, principalmente os das novas gerações, encontram um modo de externar suas ricas vidas interiores."

São os jovens do mundo todo o público que Amir e Khalil mais esperam atingir - para que entendam a realidade muito além do que mostram as manchetes dos jornais. Também por isso decidiram fazer de um dos personagens principais, o irmão do jovem desaparecido, um blogueiro. Por meio da internet, o rapaz vasculhará no limbo extrajudicial pistas que possam levar a Mehdi.

"A juventude tem muita urgência em se comunicar, em se fazer escutar. Quando a Revolução de 1979 aconteceu, ninguém fora do país tinha bem a dimensão do que estava acontecendo ali. A internet virou essa realidade do avesso", diz Amir. "Mostrou que o mundo se preocupa com o Irã, o que é uma mensagem muito inspiradora para todos nós."
estadao.com.br:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pregão movido a bebidas

Bar em São Paulo simula ambiente de bolsa de valores e 'negocia' cerveja e caipirinha
Bianca Pinto Lima, do Economia & Negócios  

Tópicos: Wall Street Bar, bar, pregão, bebidas


- SÃO PAULO - O modelo de empreendimento já é bem conhecido no exterior, mas chega com ar de novidade à capital paulista. Inspirado no espanhol La Bolsa, o Wall Street Bar vem atraindo clientes desde a inauguração, em dezembro de 2009, com pregões de bebidas alcoólicas. Os preços oscilam de acordo com a demanda, sem limite de valor máximo ou mínimo. O dinamismo da negociação entusiasma os clientes, que se comportam como investidores e buscam sempre a melhor compra. Mas a novidade é motivo de alegria principalmente para os sócios, que têm conseguindo manter a casa cheia e começam a idealizar até um mercado futuro para as bebidas.

"O segredo do negócio é o cálculo que criamos para a oscilação de preços", explica o administrador de empresas Fabio Strano, 30 anos, um dos proprietários da casa. A fórmula inclui diversas variáveis e não permite grandes flutuações - por isso não é necessário estabelecer limite de valores. Após o cálculo pronto, os sócios entregaram à empresa Vipware a tarefa de criar um software que automatizasse as operações. O programa trabalha em categorias, isto é, os preços das cervejas oscilam entre si e o mesmo ocorre com as caipirinhas - hoje as únicas bebidas que participam do pregão. Quanto maior a demanda, maior o valor produto e vice-versa.


A ideia do negócio surgiu durante uma conversa de bar com alguns amigos recém-chegados de Barcelona. Quatro deles decidiram levar o projeto adiante e desembolsaram mais de R$ 1,5 milhão para concretizar o plano. Apesar das referências ao mundo econômico, nenhum dos proprietários tem experiência no mercado financeiro e investem apenas de "brincadeira". O empresário Thiago Armentano e o chef de cozinha Cristian Montgomery, no entanto, já conhecem de perto a noite paulistana. Eles também são sócios do Seu Justino e do B4 Lounge, ambos na cidade de São Paulo. O publicitário Thomaz Rothmann completa a lista de jovens sócios - todos na faixa dos 30 anos.

A oscilação de preços das bebidas pode ser acompanhada pelos clientes por meio de painéis de LED espalhados pela casa. Foto: Divulgação 
Durante os "pregões", a oscilação dos preços pode ser acompanhada pelos clientes por meio de painéis de LED espalhados pela casa. Atualmente, as variações ocorrem a cada três minutos e são ilustradas por setas verdes e vermelhas, que indicam se as bebidas estão em alta ou baixa. Para realizar a compra, não é preciso nem esperar o garçom. Os clientes escolhem o produto e realizam a transação em telas touchscreen, instaladas nas mesas. A cada pedido, o sistema emite uma espécie de recibo do negócio, para evitar confusões na hora de pagar a conta.

"A Antártica, que tem o preço-base (valor antes de começar o pregão) de R$ 6,10, já chegou a ser vendida por R$ 3", conta Strano. Em outra noite, o bar ficou praticamente sem estoque de uma das bebidas. "A original e a Bohemia estavam cotadas entre R$ 7 e R$ 8, enquanto a Serramalte estava saindo por R$ 4,50. Os clientes perceberam, começaram a falar com as outras mesas e conseguiram derrubar o preço das outras cervejas ao elevar a demanda pela Serramalte", relata o sócio.

Diferentemente de uma bolsa de valores tradicional, o crash é aqui um dos pontos altos da noite. Quando ocorre, os preços das bebidas retornam ao seu patamar inicial, zerando todas as oscilações anteriores. O evento é anunciado pelos painéis de LED e pode ocorrer uma ou mais vezes durante a noitada, sempre que a casa atingir a meta de faturamento para o dia. "Se na segunda-feira a meta é R$ 3 mil e o bar bate R$ 9 mil, o crash ocorre três vezes", explica Strano, destacando que o mecanismo estimula os clientes a frequentarem o bar nos dias de movimento teoricamente mais fraco, como no início da semana.

O público da casa varia entre executivos em busca de um happy hour diferente, muitos deles do mercado financeiro, e jovens bem arrumados que curtem os lugares da moda. Para começar a consumir no Wall Street Bar é preciso desembolsar pelo menos R$ 6,10 em uma cerveja Brahma, Antártica ou Skol - as bebidas alcoólicas com preço-base mais acessível. No outro extremo, figura a dose do uísque Blue Label, que sai por R$ 75. Uma réplica da famosa estátua de um touro, símbolo do centro financeiro de Nova York, completa a decoração do bar, que é toda inspirada na cidade norte-americana.

"A ideia é interessante, pois permite interação com o local", comentam os advogados Maurício Bueno e Guilherme Ablas, que trabalham próximos ao bairro do Itaim e visitavam a casa pela primeira vez. "Além do prazer de estar no bar, tem a brincadeira da oscilação. Este é o atrativo", resume o desenvolvedor de software Cláudio Meinberg, que já se tornou cliente assíduo do local.

Para o futuro, os sócios pretendem ampliar ainda mais o conceito de interatividade. "Podemos liberar a internet no touchscreen, criar um chat entre as mesas ou passar os jogos da Copa do Mundo", enumera Rothmann. Do lado financeiro, os sócios já pensam em criar um mercado futuro de bebidas. "O cliente poderia, por exemplo, comprar um lote de dez cervejas para consumir mais tarde ou em outro dia com um preço predeterminado", explica o sócio, ressaltando que boa parte das ideias vem dos próprios clientes, e que sugestões são sempre bem-vindas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

The Spy

The Doors








The Spy

O ESPIÃO

I'm a spy in the house of love.Eu sou um espião na casa do amor
I know the dream, that you're dreamin' on. Eu sei os sonhos que você está sonhando
I know the words that you love to hear. Eu sei a palavra que você anseia ouvir
I know your deepest and secret fear. Conheço seu medo mais profundo e secreto
I'm a spy in the house of love.
I know the dream, that you're dreamin' on.
I know the words that you love to hear.
I know your deepest and secret fear.
I know ev'rything. Ev'rything you do. Ev'rywhere you go.
Ev'ryone you know.
I'm a spy in the house of love.Eu sou um espião na casa do amor
I know the dreams, that you're dreamin' on. Eu sei os sonhos que você está sonhando
I know the words that you love to hear. Eu sei a palavra que você anseia ouvir
I know your deepest and secret fear. Conheço seu medo mais profundo e secreto
I know your deepest and secret fear.
I know your deepest and secret fear. I'm a spy, I can see
you
What you do.
And I know.
Eu sei tudo
Tudo o que você faz
Todos os lugares que você vai
Todos que você conhece
Eu sou um espião na casa do amor
Eu sei os sonhos que você está sonhando
Eu sei a palavra que você anseia ouvir
Conheço seu medo mais profundo e secreto
Conheço seu medo mais profundo e secreto
Conheço seu medo mais profundo e secreto
Eu sou um espião
Eu posso ver
O que você faz
E eu sei