quinta-feira, 26 de maio de 2011

A revolução cultural de Bob Marley




Celebração, em geral, não é a palavra ideal para representar um aniversário de morte. Mas nesse 11 de maio o mundo (im)pop celebra sim a data, em nome da carreira de Bob Marley. Uma memória revolucionária.

Há 26 anos, em 11 de maio de 1981, Bob Marley morreu prematuramente aos 36 anos, vítima de câncer, em Miami. Através de sua obra, plantou sementes de uma revolução musical a partir de uma poética de conteúdo social libertador, pan-africanismo e do reggae. Assim, com identidade soberana, colocou a Jamaica no mapa da música mundial.

A sua obra está na praça, nos cantos do mundo carburada, dissecada e repercutida através de relançamentos de seus discos, arquivos MP3 compartilhados em profusão, biografias.

Sempre vale a pena a leitura da biografia “Queimando Tudo”, do jornalista americano Timothy White, audições da coletânea “Natural Mystic – The Legend lives On”, da caixa de CDs “Songs of Freedom” ou da coletânea “Bob Marley And The Wailers One Love”, que diagnostica as evoluções do rhythm ‘n’ blues, doo wop e ska para o reggae e desconstrói em bolero “And I Love Her”, dos Beatles. Documenta o período do The Wailers com Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer na gravadora de Coxsone Dodd.

Melhor mesmo, contudo, é se lançar sobre os discos de Bob Marley & The Wailers. Discografia que foi estabelecida como objeto de culto pela crítica musical e fãs por um motivo simples e, digamos, subentendido – compreender Bob Marley não difere de descobrir como devemos nos posicionar como seres atuantes. Eu mesmo, sempre que ouvia os discos de Marley, sentia que poderia pensar e agir melhor. Mudar a ordem das coisas, como fez Bob Marley nas “trenchtowns” da sua Jamaica.

Com notável precisão, aparentemente impossível, a música de Bob Marley abordava o confronto como estética: organizava métricas poéticas, rítmicas e melódicas divergentes. Algo genuinamente africano, pela fluência rítmica. Mais do que reggae, uma experiência revolucionária.

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