domingo, 24 de janeiro de 2010

Raul Seixas -- É fim do mês

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É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim de mês,
É fim de mês,
Eu já paguei a conta do meu telefone
Eu já paguei por eu falar e já paguei por eu ouvir
Eu já paguei a luz,
o gás,
e o apartamento Kitnete de um quarto que eu não comprei a prestação Pela caixa federal,
au au au
Eu não sou cachorro
não

Eu liquidei,
eu liquidei,
eu liquidei
A prestação do paletó, do meu sapato, da camisa
Que eu comprei pra domingar com meu amor
Lá no cristo redentor,
ela gostou e mergulhou
E o fim do mês vem outra vez

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
Eu já paguei o pegue pague,
no mercado
Mas a conta do rosário que eu comprei pra mim rezar
Eu também sou Filho de Deus
Se eu não rezar
Eu não vou pro céu

Já fui pantera,
já fui hipi beatnick
Tinha o símbolo da paz dependurado no pescoço
Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação
Já fui católico, budista, protestante
Tenho livros na estante, todos tem a explicação

Mas não achei,
mas procurei
Prá você ver que eu procurei
Eu procurei fumar cigarro hollyhood que a televisão
Me diz que o cigarro do sucesso
Eu sou sucesso

No posto esso eu encho o tanque do carrinho
Bebo em troca um cafezinho, cortesia da matriz
There's a tiger no chassi
There's a tiger no chassi

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

No fim do mês, já sou freguês
Eu já paguei o meu pecado na capela
Sob a luz de sete velas que eu comprei
Pro meu senhor do Bonfim olhar por mim

Tô terminando a prestação do meu buraco
Meu lugar no cemitério pra mim não me preocupar
De não ter mais onde morrer
Ainda bem que no mês que vem
Posso morre, já tenho o meu tumbão,
Meu tumbao

Eu consultei e acreditei
No velho papo do tal psiquiatra que te ensina
Como é que você vive alegremente, acomodado
E conformado de pagar tudo calado
Ser bancário ou empregado, sem jamais se aborrecer

Eu já paguei a prestação
Da geladeira
Do açougue
Fedorento
Que me vende carne podre
Que eu tenho que comer
Que engolir sem vomitar
Quando as vezes desconfio Se é gato, jegue
ou mula
Aquele talho de acém
Que eu comprei pra Minha patroa
Pr'ela não não não me apoquentar

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
No fim do mês
Já sou freguês

É fim do mês
É fim do mês
E o fim do mês vem outra vez

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