O genial Chico Science misturava elementos típicos da cultura nordestina, luta contra a pobreza e a fome (inspirado nos trabalhos de Josué de Castro) e princípios científicos rudimentares presentes nos estudos da complexidade, autoorganização ["eu me desorganizando posso me organizar"] e do caos..
...pule para os 22min e 20 segs do vídeo acima que retrata a beleza do caos...
Chico Science
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Chico Science | |
---|---|
Informação geral | |
Nome completo | Francisco de Assis França |
Nascimento | 13 de março de 1966 |
Origem | Olinda, Pernambuco |
País | Brasil |
Data de morte | 2 de fevereiro de 1997 (30 anos) |
Gêneros | Manguebeat, pós-punk, punk rock |
Período em atividade | Início da década de 1980 — 1997 |
Gravadora(s) | Sony |
Afiliações | [Chico Science] Nação Zumbi Loustal Orla Orbe |
Página oficial | Pelo JC |
Índice[esconder] |
[editar] Carreira
Chico Science participava de grupos de dança e hip hop em Pernambuco no início dos anos 1980. No final da década integrou algumas bandas de música como Orla Orbe e Loustal, inspiradas na música soul, no funk e no hip hop. A fusão com os ritmos nordestinos, principalmente o maracatu, veio em 1991, quando Science entrou em contato com o bloco afro Lamento Negro, de Peixinhos, subúrbio de Olinda. Misturou o ritmo da percussão com o som de sua antiga banda e formou o Nação Zumbi. A partir daí o grupo começou a se apresentar no Recife e em Olinda e iniciou o "movimento" mangue beat, com direito a manifesto ("Caranguejos com Cérebro", de Fred 04, da Mundo Livre S/A). Em 1993 uma rápida turnê por São Paulo e Belo Horizonte chamou a atenção da mídia.[2] O primeiro disco, "Da Lama ao Caos", projetou a banda nacionalmente. O segundo, "Afrociberdelia", mais pop e eletrônico, confirmou a tendência inovadora de Chico Science e Nação Zumbi, que excursionaram pela Europa e Estados Unidos, onde fizeram sucesso de público e crítica.[3] O Nação Zumbi lançou um CD duplo em 1998, depois da morte do líder, com músicas novas e versões ao vivo remixadas por DJs. A família de Chico Science recebeu indenização de cerca de 10 milhões de reais da montadora Fiat, responsabilizada pela morte do cantor e compositor no acidente que lhe tirou a vida, devido a falhas no cinto de segurança do carro que dirigia e que poderia ter lhe poupado a vida.[4][editar] Influências
Podem ser citadas como bandas relacionadas a Chico Science, as conterrâneas Mundo Livre S/A, Bonsucesso Samba Clube, as mais recentes Cordel do Fogo Encantado, Mombojó e Otto. Outras bandas influenciadas por Chico: Sepultura (mais especificamente o álbum Roots), Cássia Eller (intérprete de músicas como Corpo de Lama e Quando a Maré Encher), Fernanda Abreu (álbum Raio X) e Arnaldo Antunes (álbum O Silêncio), além da antiga parceira e ainda em atividade: Nação Zumbi.Em 2007, recebeu homenagem do Prêmio Multishow de Música Brasileira, do canal da Globosat de mesmo nome.[5]
[editar] Discografia
- Da Lama ao Caos (1994)
- Afrociberdelia (1996)
[editar] Ver também
Referências
- ↑ Rolling Stone Brasil elege os 100 melhores discos de música brasileira, disponível em 21 de Julho de 2010
- ↑ *Chico Science em São Paulo e Belo Horizonte:
[1]
[2] - ↑ *The Interview
- ↑ Fiat paga indenização à família de Chico Science
- ↑ *Prêmio Multishow
[editar] Ligações externas
- Canal Acervo Chico Science
- Memorial Chico Science
- Carreira de Chico pelo JC
- Chico Science no CliqueMusic
Josué de Castro
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Josué de Castro | |
---|---|
Nascimento | 5 de setembro de 1908 Recife, Brasil |
Morte | 24 de setembro de 1973 (65 anos) Paris, França |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | escritor, médico, geógrafo, administrador público, diplomata, ativista |
Partindo de sua experiência pessoal no Nordeste brasileiro, publicou uma extensa obra que inclui: Geografia da fome, Geopolítica da fome, Sete palmos de terra e um caixão, Homens e caranguejos. Exerceu a Presidência do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e foi também Embaixador brasileiro junto à ONU.
Recebeu da Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos o Prêmio Franklin D. Roosevelt, o Conselho Mundial da Paz lhe ofereceu o Prêmio Internacional da Paz e o governo francês o condecorou como Oficial da Legião de Honra.
Logo após o Golpe de Estado de 1964, teve seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar.[1]
Índice[esconder] |
[editar] Biografia
[editar] 1908-1929
Josué nasceu no dia 5 de setembro de 1908, em Recife, capital do estado de Pernambuco. Seu pai veio de Cabaceiras durante a grande seca de 1877. Sua mãe, da região da zona da mata. Josué cresceu bem próximo aos mangues da cidade, região de mocambos, habitada por retirantes e caranguejos.[2]Aos 20 anos formou-se Medicina.[3]
[editar] 1930-1945
Apesar do interesse inicial pela psiquiatria, resolveu fazer nutrição e abriu sua clínica em Recife. Na mesma época, contratado por uma fábrica para examinar trabalhadores com problemas de saúde indefinidos e acusados de indolência, diagnosticou: “sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença desta gente é fome”.[4] Logo foi demitido da fábrica. Vislumbrou então a dimensão social da doença, ocultada por preconceitos raciais e climáticos.Efetuou um inquérito[5] pioneiro no Brasil, relacionando a produtividade com a alimentação do trabalhador, uma das bases para a posterior formulação do salário mínimo, e passou a chefiar uma comissão de estudos das condições de vida dos operários brasileiros. Como professor, ensinava Fisiologia e Geografia Humana.[6]
Casado com sua ex-aluna Glauce, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1935. Após um período de dificuldades, passou a ensinar Antropologia[7]. Recorreu ao método geográfico para apresentar o mapa das regiões alimentares em A alimentação brasileira à luz da Geografia Humana.[8]. Entre outros contos, crônicas, ensaios, estudos sociais e biológicos, publicou O ciclo do caranguejo, conto sobre os mangues de sua cidade natal.[9]
A partir de 1940, participou de todos os projetos governamentais ligados à alimentação, coordenando a implantação dos primeiros restaurantes populares[10], dirigindo as pesquisas do Instituto de Tecnologia Alimentar[11] e colaborando para a execução de várias políticas públicas, como a educação alimentar. Sob sua direção foi lançado o periódico Arquivos Brasileiros de Nutrologia.[12].
[editar] 1946-1963
O ano de 1946 foi marcado pela publicação de Geografia da fome.[13] Obra clássica da ciência brasileira, o livro buscou tirar da obscuridade o quadro trágico da fome no país. Enfatizou as origens sócio-econômicas da tragédia e denunciou as explicações deterministas que naturalizavam este quadro.[14]No mesmo ano, fundou e tornou-se o primeiro diretor do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil.[15] Efetivou-se como professor de Geografia Humana em 1947, na Universidade do Brasil (atual UFRJ).[16][17] A Conferência da FAO de 1948 registrou o início de sua participação neste órgão internacional.[18]
Geopolítica da fome, livro publicado em 1951, concebido como uma extensão da Geografia da fome, tornou-se um marco histórico e político nas questões de alimentação e população. Os princípios ecológicos e geográficos foram desta vez utilizados na escala da fome mundial. Posicionou-se em oposição às interpretações demográficas que entendiam a fome como consequência de excesso populacional e prescreviam um massivo controle de natalidade. Cuidou de “desnaturalizar” a fome mais uma vez e demonstrou os vários fatores biológicos, geográficos, culturais e políticos pelos quais a fome gera a superpopulação.[19]
Respeitado internacionalmente, foi eleito, por representantes de setenta países, Presidente do Conselho Executivo da FAO, cargo que exerceu entre 1952 e 1956. Enfrentou forte oposição dos países desenvolvidos à execução de projetos voltados ao desenvolvimento do terceiro mundo e não deixou de expressar sua frustração com a “ação tímida e vacilante” da agência das Nações Unidas, apesar da alta qualificação de seus experts e técnicos.[20]
Exerceu dois mandatos como Deputado Federal eleito pelo Estado de Pernambuco. Entre diversos projetos ligados a questões agrárias, educacionais, culturais e econômicas, apresentou o de regulamentação da profissão de nutricionista, que dispõe sobre o ensino superior de Nutrição[21] e o projeto para a reforma agrária, entendida como “um processo de revisão das relações jurídicas e econômicas entre os que detêm a propriedade rural e os que nela trabalham”.[22]. Com seus pronunciamentos, deixou registrados relevantes acontecimentos históricos, assim como a defesa contra abusos da imprensa quando, em várias ocasiões, dá vazão a interesses subservientes.[23]
Em 1963, tornou-se Embaixador brasileiro junto à sede européia da Organização das Nações Unidas, em Genebra. Era então uma personalidade de projeção internacional, convidado por reis e chefes de Estado, capaz de atrair uma plateia de 3.500 pessoas na cidade de Rouen, interior da França.[2]
[editar] 1964-1973
Em abril de 1964 teve seus direitos políticos suspensos pelo Regime Militar, em seu primeiro Ato Institucional. Faleceu no exílio em Paris.[editar] Obras
Principais Obras:- O Problema Fisiológico da Alimentação no Brasil. Recife: Ed. Imprensa Industrial, 1932.
- O Problema da Alimentação no Brasil. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1933.
- Condições de Vida das Classes Operárias do Recife. Recife: Departamento de Saúde Pública, 1935.
- Alimentação e Raça. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
- Therapeutica Dietética do Diabete. In: Diabete. Livraria do Globo, Porto Alegre, 1936. p. 271-294.
- Documentário do Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 1937.
- A Alimentação Brasileira à Luz da Geografia Humana. Rio de Janeiro: Livraria do Globo, 1937.
- Fisiologia dos Tabus. Rio de Janeiro: Ed. Nestlé, 1939.
- Geografia Humana. Rio de Janeiro: Livraria do Globo, 1939.
- Alimentazione e Acclimatazione Umana nel Tropici. Milão, 1939.
- Geografia da Fome: A Fome no Brasil. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1946.
- La Alimentación en los Tropicos. México: Fondo de Cultura, 1946.
- Fatores de Localização da Cidade do Recife. Rio de Janeiro: Ed. Imprensa Nacional, 1947.
- Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1951.
- A Cidade do Recife: Ensaio de Geografia Humana. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1956. Reedição de Fatores de Localização da Cidade do Recife.
- Três Personagens. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1955.
- O Livro Negro da Fome. São Paulo: Brasiliense, 1957.
- Ensaios de Geografia Humana. São Paulo: Brasiliense, 1957.
- Ensaios de Biologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1957.
- Sete Palmos de Terra e um Caixão. São Paulo: Brasiliense, 1965.
- Ensayos sobre el Sub-Desarrollo. Buenos Aires: Siglo Veinte, 1965.
- ¿Adonde va la América Latina?. Lima: Latino Americana, 1966.
- Homens e Caranguejos. Porto: Ed. Brasília, 1967.
- A Explosão Demográfica e a Fome no Mundo. Lisboa: ltaú, 1968.
- El Hambre - Problema Universal. Buenos Aires: La Pléyade, 1969.
- Latin American Radicalism. Edited by Irving Horowitz, Josué de Castro and John Gerassi. New York: Vintage Books, 1969. Coletânea organizada por Irving Horowitz, Josué de Castro e John Gerassi.
- A Estratégia do Desenvolvimento. Lisboa: Cadernos Seara Nova, 1971.
- Mensajes. Bogotá: Colibri, 1980.
- Fome: um Tema Proibido - últimos escritos de Josué de Castro. Anna Maria de Castro (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
- Festa das Letras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
[editar] Referências
- ↑ CASTRO, Josué de. Fome: um tema proibido - últimos escritos de Josué de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
- ↑ a b MENEZES, Francisco R. de Sá. Josué de Castro: Por um mundo sem fome. São Paulo: Mercado Cultural, 2004. 120p. il. (Projeto Memória, 8).
- ↑ Pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
- ↑ PROJETO MEMÓRIA. Josué de Castro: Por um mundo sem fome.
- ↑ CASTRO, Josué de. Condições de vida das classes operárias do Recife. Departamento de Saúde Pública, Recife, 1935.
- ↑ Respectivamente, na Faculdade de Medicina do Recife e na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Recife, de cuja fundação participou.
- ↑ Na Universidade do Distrito Federal (atual UERJ).
- ↑ CASTRO, Josué de. A Alimentação Brasileira à Luz da Geografia Humana. Livraria do Globo, Rio de Janeiro, 1937.
- ↑ CASTRO, Josué de. Documentário do Nordeste. Livraria José Olympio, Rio de Janeiro, 1937. Conto originalmente publicado no periódico A plateia.
- ↑ Do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS).
- ↑ ITA, do Serviço Técnico de Alimentação Nacional.
- ↑ A partir de 1944.
- ↑ CASTRO, Josué de. Geografia da fome: a fome no Brasil. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1946.
- ↑ CASTRO, Josué de. Geografia da fome. Apresentação de Milton Santos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
- ↑ A partir da incorporação do ITA à Universidade. Atual Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ.
- ↑ Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
- ↑ CASTRO, Josué de. Fatores de Localização da Cidade do Recife. Rio de Janeiro: Ed. Imprensa Nacional, 1947.
- ↑ Report of the Conference of FAO. 4th Session. Washington, D.C., November 1948.
- ↑ Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1951.
- ↑ CASTRO, Josué de. O livro negro da fome. S. Paulo: Brasiliense, 1966. p. 54-55.
- ↑ Projeto nº 904. Diário do Congresso Nacional, Seção I, de 14/4/1957, p.616.
- ↑ Projeto nº 11, de 1959. Diário do Congresso Nacional, Seção I, de 20/3/1959, p.1137-1138.
- ↑ Diário do Congresso Nacional, Seção I, de 3/7/1959, p.3816.
[editar] Ligações externas
- Projeto Memória: Josué de Castro
- Video: Entrevista de Josué de Castro, outubro 1959 (em francês)
- Radio-Canada: Josué de Castro, junho 1960 (em francês)
- Josué de Castro e a Descoberta da Fome (Tânia Elias Magno da Silva)
- Josué, Um Brasileiro (Patrus Ananias)
- Uma Vida Contra a Fome (Moacyr Scliar)
- A Divulgação Científica na Obra de Josué de Castro (José Marques de Melo)
- A Fome É do Homem (André Azevedo da Fonseca )
Nenhum comentário:
Postar um comentário