Economia do Caos
...na incansável busca do modelo dono de sauna....
sexta-feira, 11 de julho de 2014
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Aperitivo pra montarmos as análises com o nosso futuro big data pro site do desenvolvimento. Primeiro selecione os dados na planilhinha que aparecerá ao lado e em seguida vá em Análise Bivariada:
Aperitivo do Google Maps:
domingo, 8 de abril de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Economia Criativa em números
Duas premissas básicas foram a base da primeira etapa do estudo: deveríamos aproveitar o esforço internacional já despendido no assunto, não "reinventando a roda", e construir indicadores adaptados aos dados e à realidade do Brasil, mas que "conversassem" com as estatísticas internacionais para que pudéssemos ter alguma comparabilidade.
Dadas as diferenças entre as estatísticas e conceitos internacionais e as limitações das estatísticas brasileiras, optamos sempre por ser mais conservadores e não inflacionar os dados para criar uma falsa ilusão da importância do setor. O esforço foi para mapear atividades culturais e criativas na sua essência, deixando de fora, por exemplo, as atividades de fabricação e comercialização a elas associadas. Com esse critério incluímos arquitetura e design, artes performáticas, artes plásticas e escrita, audiovisual, edição e impressão, ensino, informática, patrimônio, pesquisa e desenvolvimento e publicidade e propaganda.
Independentemente das possíveis críticas à metodologia desenvolvida, que serão muito bem-vindas, pois se trata só de um primeiro estudo sobre o tema, os resultados já são bastante interessantes e apontam para um cenário muito claro e contundente: o conjunto de setores que englobam o que chamamos de Economia Criativa tem peso significativo na economia do País, no Estado de São Paulo e da cidade, em especial. Obviamente, com a publicação do estudo e a ampliação do debate, conseguiremos melhorar as estatísticas do setor.
Segundo a metodologia desenvolvida no estudo para a Prefeitura, a participação do emprego formal criativo é de 1,87% do total do emprego formal no Brasil; de 2,21%, na Região Sudeste; de 2,46%, no Estado de São Paulo; e de 3,47%, no Município de São Paulo.
Comparada com outros setores considerados importantes empregadores, a Economia Criativa destaca-se não só pela capacidade de gerar empregos, mas pela qualidade e remuneração desses empregos. De 2006 a 2009, a taxa média anual de crescimento do emprego formal no setor chegou a 8,3% no Estado de São Paulo e a 9,1% no Município, enquanto no total da economia chegava a 5,5%, no Estado, e a 5,8%, na cidade. Mas, se aplicarmos as outras metodologias utilizadas internacionalmente, os números são ainda mais contundentes: pela metodologia usada no Reino Unido, a participação do emprego formal criativo é de 5,54% do total do emprego formal no Brasil; de 5,45%, no Sudeste; de 5,67%, no Estado paulista; e de 6,39%, na cidade de São Paulo. Como sabemos que há muita informalidade em alguns dos setores considerados, os dados, que já são impactantes, podem ser significativamente mais expressivos.
Não bastassem o número e a qualidade dos empregos criados, a importância dos setores que compõem a EC está na sua interação com o restante da economia e sua capacidade de alavancar a modernização e competitividade dos mais diferentes setores. O design, por exemplo, é o mínimo denominador comum de todos os setores: das sandálias de plástico ao carro, é ele que faz a diferença, agrega valor e gera competitividade.
A conclusão, já em prática em diferentes países, inclusive na China, é de que política industrial moderna se faz focando em criatividade e novas tecnologias. Ou seja, atrair montadoras (de carros ou de eletrônicos) pode gerar alguns empregos e dar uma pequena ajuda na balança comercial, mas não gera competitividade sistêmica. Já o apoio aos setores da Economia Criativa permite criar um "caldo de cultura" que transborda para os mais diferentes setores, direta ou indiretamente, gerando trabalhadores e consumidores mais sofisticados e com mais renda, empresas mais modernas e uma economia mais competitiva.
ECONOMISTA
Freud e o Carnaval
*Texto extraído do Livro de Moacyr Scliar -- A Face Oculta: Inusitadas e Reveladoras Histórias da Medicina.
Freud e o Carnaval
Moacyr Scliar
Segundo Freud, que não era construtor (mas que em algum momento deve ter pensado em fazer uma incorporação a preço de custo para escapar das agruras da psicanálise), a nossa mente é como uma casa em que vivem três habitantes. No térreo, mora um sujetio simples e meio atucanado, chamado Ego. Ele não é propriamente o dono da casa, mas cabe-lhe pagar a luz, a água, o IPTU, além de varrer o chão, lavar a roupa e cozinhar. Estas tarefas fazendo parte da vida cotidiana, Ego até não se queixaria. O pior é ter de conviver com os outros dois moradores.
No andar superior, decorado em estilo austero, com estátuas de grandes vultos da humanidade e prateleiras cheias de livros sobre leis e moral, vive um irascível senhor, chamado Superego. Aposentado - aos pregadores de moral não resta muito a fazer em nosso mundo - Superego dedica todos os esforços a uma única causa: controlar o pobre Ego. Quando liga, se lembra de alguma piada boa e ri, ou quando o Ego se atreve a cantar um sambinha, Superego bate no chão com o cetro que carrega sempre, exigindo silêncio. Se Ego resolve trazer para casa uma namorada ou mesmo uns amigos, Superego, de sua janela, adverte: não quer festinhas no domicílio.
No porão, sujíssimo, mora o terceiro habitante da casa, um troglodita conhecido como Id. Id não tem modos, não tem cultura e na verdade mal sabe falar. Em matéria de sexo, porém, tem um apetite invejável. Superego, que detesta estas coisas, exige que o Ego mantenha a incoveniente criatura sempre presa. E é o que acontece durante todo ano.
No Carnaval, porém, Id se solta. Arromba a porta do porão, salta para fora e vai para a folia, arrastando consigo o perplexo Ego que, num primeiro momento, resiste, mas depois acaba aderindo. E aí são três dias de samba, bebida, mulheres.
Quando volta para casa, na quarta-feira, a primeira pessoa que vê Ego é o Superego, olhando-o fixo da janela do andar superior. Ele não precisa dizer nada, Ego sabe que errou. Humilde, enfia-se em casa, abre a porta do porão, para que o saciado Id retorne a seu reduto, e aí começa a penitência, que durará exatamente um ano.
De vez em quando, Ego tem um sonho. Ele sonha que os três fazem parte de um mesmo bloco carnavalesco, e que, juntos, se divertem a valer - o Superego é, inclusive, o folião mais animado. Mas, isto é, naturalmente, sonho. Parafraseando um provérbio judaico, Carnaval no sonho não é Carnaval, é sonho. Que se junta a todos os sonhos frustrados de nossa época. Graças a eles, muitas casas foram construídas. E muitos edifícios foram incorporados.
Freud e o Carnaval
Moacyr Scliar
Segundo Freud, que não era construtor (mas que em algum momento deve ter pensado em fazer uma incorporação a preço de custo para escapar das agruras da psicanálise), a nossa mente é como uma casa em que vivem três habitantes. No térreo, mora um sujetio simples e meio atucanado, chamado Ego. Ele não é propriamente o dono da casa, mas cabe-lhe pagar a luz, a água, o IPTU, além de varrer o chão, lavar a roupa e cozinhar. Estas tarefas fazendo parte da vida cotidiana, Ego até não se queixaria. O pior é ter de conviver com os outros dois moradores.
No andar superior, decorado em estilo austero, com estátuas de grandes vultos da humanidade e prateleiras cheias de livros sobre leis e moral, vive um irascível senhor, chamado Superego. Aposentado - aos pregadores de moral não resta muito a fazer em nosso mundo - Superego dedica todos os esforços a uma única causa: controlar o pobre Ego. Quando liga, se lembra de alguma piada boa e ri, ou quando o Ego se atreve a cantar um sambinha, Superego bate no chão com o cetro que carrega sempre, exigindo silêncio. Se Ego resolve trazer para casa uma namorada ou mesmo uns amigos, Superego, de sua janela, adverte: não quer festinhas no domicílio.
No porão, sujíssimo, mora o terceiro habitante da casa, um troglodita conhecido como Id. Id não tem modos, não tem cultura e na verdade mal sabe falar. Em matéria de sexo, porém, tem um apetite invejável. Superego, que detesta estas coisas, exige que o Ego mantenha a incoveniente criatura sempre presa. E é o que acontece durante todo ano.
No Carnaval, porém, Id se solta. Arromba a porta do porão, salta para fora e vai para a folia, arrastando consigo o perplexo Ego que, num primeiro momento, resiste, mas depois acaba aderindo. E aí são três dias de samba, bebida, mulheres.
Quando volta para casa, na quarta-feira, a primeira pessoa que vê Ego é o Superego, olhando-o fixo da janela do andar superior. Ele não precisa dizer nada, Ego sabe que errou. Humilde, enfia-se em casa, abre a porta do porão, para que o saciado Id retorne a seu reduto, e aí começa a penitência, que durará exatamente um ano.
De vez em quando, Ego tem um sonho. Ele sonha que os três fazem parte de um mesmo bloco carnavalesco, e que, juntos, se divertem a valer - o Superego é, inclusive, o folião mais animado. Mas, isto é, naturalmente, sonho. Parafraseando um provérbio judaico, Carnaval no sonho não é Carnaval, é sonho. Que se junta a todos os sonhos frustrados de nossa época. Graças a eles, muitas casas foram construídas. E muitos edifícios foram incorporados.
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